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segunda-feira, abril 10, 2023

'Não posso aceitar que isso continue acontecendo', diz mulher que tirou a roupa para protestar contra racismo em supermercado de Curitiba

A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, tirou a roupa dentro de um supermercado de Curitiba, na sexta-feira (7), para protestar contra racismo em uma unidade do supermercado Atacadão, no bairro Portão. Segundo ela, a manifestação aconteceu depois dela ter sido perseguida por um segurança enquanto fazia compras.


Isabel Oliveira protesta contra racismo em supermercado de Curitiba — Foto: Reprodução/Redes sociais


Isabel relatou que foi até o estabelecimento para fazer compras para a Páscoa programada com a família. Em certo momento, contou ao g1, a professora começou a reparar que um segurança a seguia em todos os lugares que ela ia.


"Eu olhava pra ele, ele desviava o olhar. Num momento eu olhei pra ele e fiquei esperando pra ver o que ele ia fazer. Ele ficou desconfortável. Caminhei mais um pouco e ele continuou olhando", disse.


Em seguida, ela disse que foi conversar com o homem e perguntou se ela apresentava ameaça para a loja. Ele negou.


Em nota, a empresa disse que apurou o caso, ouviu os funcionários e analisou as imagens de câmera de segurança. Disse ainda que não identificou indícios de abordagem indevida e que se colocou à disposição de Isabel. Veja mais abaixo.


Questionamentos

Segundo Isabel, ainda no mercado, ela chegou à conclusão de que não podia aceitar a situação e ligou para a polícia para denunciar.


A professora contou que foi questionada pelos policiais se funcionários da empresa recusaram atendimento ou se houve algo que caracterizasse crime de racismo.



A gerente da loja procurou Isabel.


"A gerente me ofereceu um copo d'água. Mas eu queria respeito, só isso. Ela pediu desculpas e falou que a empresa ia tomar as providências cabíveis", contou.


Desabafo nas redes sociais

Nas redes sociais, a professora gravou um vídeo e postou contando como se sentiu mal após toda a situação. Ela informou que se sentiu como uma "marginal".


Segundo Isabel, o segurança a seguiu por mais de 30 minutos.


"Não pode ficar assim, eu tenho dois filhos, não quero que eles passem por isso”, contou chorando.


O protesto

Isabel disse que resolveu dar uma resposta à situação. Algumas horas após o acontecimento, Isabel foi para casa e resolveu voltar ao estabelecimento e protestar.



Escreveu em seu corpo "sou uma ameaça?". Dentro do mercado, retirou a roupa e ficou somente com as roupas íntimas, deixando a frase a mostra.


"Eu não fui sexualizar nada, era um corpo perguntando se podia ser uma ameaça para aquele ambiente", concluiu.


De acordo com a professora, ninguém fez nada contra o ato de protesto e a empresa não a procurou.


Ela informou que fará um boletim de ocorrência na segunda-feira (10).


O que diz a empresa

Em nota, a empresa disse que não identificou indícios de abordagem indevida durante uma apuração interna da denúncia. Alegou, ainda, que se colocou à disposição de Isabel.


"Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada", diz a nota.


A empresa afirmou ainda na nota que realiza treinamento rotineiro com funcionários para que essas ações não aconteçam.


"Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes", conclui.


Fonte: g1

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