O documento com uma lista de cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado em 30 de outubro de 2022, quando foi realizado o segundo turno nas eleições presidenciais, foi feito por um servidor do Ministério da Justiça e contemplava todos os estados da região Nordeste, apurou o blog.
Como o blog publicou na segunda-feira (3), Anderson Torres, então ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se reuniu com integrantes da Polícia Federal (PF) na Bahia, para pedir que a corporação atuasse nas ruas junto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno, reforçando a operação e coibindo eventuais crimes eleitorais.
A equipe do ex-ministro, segundo investigadores ouvidos pelo blog, promoveu este encontro com base em um mapeamento de cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado – cidades, por exemplo, nas quais Lula havia sido o candidato mais votado no primeiro turno. No estado da Bahia, ao qual o ministro foi pessoalmente discutir a ação da PF no segundo turno, Lula obteve 69,7% dos votos na primeira etapa da eleição, enquanto Bolsonaro teve 24,3%.
Como revelado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, a responsável pelo documento seria a delegada Marília Ferreira Alencar. O mapeamento, conforme apurou o blog, foi pedido por Anderson Torres a Alencar, que na época atuava no Ministério da Justiça. Alencar teria, então, pedido a um servidor da área de Tecnologia da Informação (TI) do ministério que fizesse o levantamento.
Ainda em outubro de 2022, o blog publicou que Torres foi escalado por Bolsonaro para colocar em prática no Nordeste, por ser uma região majoritariamente pró-Lula, o plano da campanha bolsonarista envolvendo o uso político da Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro, segundo turno da eleição.
Naquele dia, a PRF realizou múltiplas blitze e parou veículos que transportavam eleitores em todo o país. A maior parte das operações – que haviam sido proibidas no dia anterior pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes – aconteceu em estados do Nordeste.
Anderson Torres está preso em Brasília desde 14 de janeiro, e é investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro; Marília Alencar também é alvo de investigação, por suspeita de ter agido para esconder provas relacionadas aos atos daquele dia.
Fonte: Blog da Andréia Sadi
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