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domingo, abril 09, 2023

Corregedor indicado por Bolsonaro escondeu 23 denúncias contra ex-diretor-geral da PRF

Ex-corregedor da Polícia Rodoviária Federal, Wendel Benevides Matos escondeu da Controladoria-Geral da União (CGU) 23 denúncias envolvendo seu chefe, o ex-diretor-geral Silvinei Vasques. Por se tratar de um superior hierárquico, Wendel era obrigado a comunicar à CGU sobre as possíveis infrações de Silvinei. No entanto, não foi encontrado nenhum registro no sistema correcional da controladoria.


Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal — Foto: Divulgação/PRF


Nomeado no governo Bolsonaro, Wendel tinha mandato até novembro, mas foi exonerado nesta semana a pedido da atual direção da PRF. Silvinei, o chefe que teria sido protegido pelo corregedor, foi o braço operacional do maior escândalo das eleições de 2022: a tentativa de tumultuar o pleito, fazendo blitz contra carros e ônibus que ostentavam adesivos da campanha de Lula no dia da votação do segundo turno. As ações se concentraram no Nordeste, onde o petista tem o maior número de eleitores.



Dois pesos, duas medidas

A exoneração do corregedor foi pedida pela atual direção da PRF por "indícios de distorções técnicas, parcialidade, interferência e uso não isonômico das ferramentas de correição pelo atual Corregedor Geral". Ficou constatado que Wendel usava dois pesos e duas medidas ao investigar manifestações político-partidárias de policiais.


Quando os servidores declaravam apoio a candidatos de esquerda, os processos disciplinares eram instaurados rapidamente. O mesmo não acontecia quando as manifestações em redes sociais envolviam Bolsonaro ou seus apoiadores. O próprio Silvinei Vasques fez declarações públicas a favor do candidato do PL.


O ex-corregedor também é acusado de parcialidade na apuração da omissão de policiais nos bloqueios das rodovias federais que ocorreram logo após o anúncio da vitória de Lula.


Na época, o então corregedor afirmou: “Observamos que nenhuma ordem foi dada no sentido de que servidores não deixassem de cumprir o seu papel”. Até agora, a Corregedoria-Geral da União não sabe de onde ele tirou essa conclusão, já que não houve qualquer procedimento de apuração.


Dada a informação, agora entra a opinião: as regras para interrupção de mandatos de corregedores na estrutura do governo federal merecem ser revistas.


Hoje, como no caso acima, bastou um parecer da área técnica da CGU. O alvo foi um servidor supostamente mal-intencionado.



Amanhã, pode ocorrer o contrário. Um governo mal-intencionado e uma CGU politizada podem agir contra corregedores bem-intencionados.


Blog do Octavio Guedes

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