A escolha de Ricardo Feitosa como chefe da Inteligência da Receita, em 2019, causou ruídos desde o início e quebrou um critério histórico na Receita Federal.
Feitosa, investigado por supostamente acessar dados de opositores de Bolsonaro, foi alçado ao cargo de diretor de Inteligência sem nunca ter tido experiência no setor.
Historicamente, na Receita, só assume esse cargo quem já foi da inteligência – área que recebe informações sobre suspeitas fiscais e patrimoniais e é o ponto de partida de grandes investigações e acessos a dados sigilosos.
À época da nomeação, houve forte reação dos auditores do setor de inteligência, porque entendiam que havia risco de um servidor, sem experiência, ter acesso a dados sigilosos e comandar a equipe.
A Receita está investigando se o então chefe da inteligência do órgão durante o governo Bolsonaro teria quebrado o sigilo fiscal de opositores do ex-presidente.
Documentos obtidos pelo jornal "Folha de S.Paulo" mostram que Ricardo Pereira Feitosa acessou e copiou dados fiscais sigilosos do então procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, e de dois políticos que haviam rompido com a família Bolsonaro, o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.
Segundo o jornal, Ricardo Feitosa, então coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita, acessou os documentos nos dias 10, 16 e 18 de julho de 2019, no primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro. Na época, não havia nenhuma investigação formal em curso na Receita contra essas três pessoas.
Eduardo Gussem era responsável pelas investigações do suposto esquema de rachadinha dentro do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.
No esquema, ocupantes de cargos eletivos embolsariam parte da remuneração dos assessores, que é dinheiro público. A investigação está parada no Ministério Público do Rio.
Segundo a reportagem, Ricardo Feitosa acessou, entre outros documentos, as declarações completas de Imposto de Renda do então procurador de Justiça. E fez cópia das informações declaradas pelo procurador no período de sete anos, de 2013 a 2019.
Fonte: g1
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