A Justiça de São Paulo tornou ré por estelionato, na última terça-feira (28), a estudante Alicia Dudy Muller, de 25 anos, investigada por desviar quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para custear a festa de formatura de uma turma de medicina da USP (Universidade de São Paulo). A notícia foi confirmada nesta quinta (30).
"Informamos que, na terça-feira (28), foi recebida a denúncia do MPSP contra Alicia Dudy Muller Veiga, pelo crime de estelionato. O processo tramita em segredo de justiça, sendo essas as únicas informações que podemos passar", disse a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de SP ao g1.
A jovem é alvo de dois inquéritos policiais. O 16° DP investiga crime de apropriação indébita, relativo ao dinheiro da formatura.
Já a Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, apura os crimes de estelionato e lavagem de dinheiro contra uma lotérica, cometidos em 2022.
O Ministério Público denunciou a estudante oito vezes por estelionato e uma por estelionato tentado.
A polícia acredita que o dinheiro usado pela estudante em apostas não pagas feitas no ano passado na lotérica da Zona Sul de São Paulo pode ter sido desviado da festa de formatura de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Os dados de transações bancárias serão analisados com a quebra do sigilo e será verificado quem creditou os valores na conta dela. Com isso, a Polícia Civil conseguirá ligar as duas situações.
Em abril de 2022, a suspeita fez quase R$ 20 mil em apostas na Lotofácil, todas pagas via PIX;
Depois disso, passou a fazer várias apostas em grandes valores;
No total, ela teria apostado R$ 461 mil;
Em julho de 2022, a estudante teria solicitado R$ 891,5 mil em apostas;
Após a operadora de caixa registrar R$ 193,8 mil em apostas, a gerente da lotérica questionou sobre o pagamento, e a suspeita disse que tinha realizado um agendamento da transferência;
A estudante fez uma movimentação muito inferior, de R$ 891,53, na tentativa de fazer com que os funcionários da lotérica pensassem que seria o valor total de R$ 891,5 mil;
Após breve discussão, a suspeita saiu da lotérica com cinco apostas de R$ 38,7 mil cada uma.
De acordo com a comissão de formatura:
A suspeita afirmou, por meio de mensagens no WhatsApp, que transferiu a quantia para uma conta pessoal;
Ela alega ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos chamada Sentinel Bank, que a teria enganado e ficado com o dinheiro;
A quantia restante teria sido utilizada para pagar advogados na tentativa de recuperar o valor
A Comissão só percebeu o desvio no dia 6 de janeiro deste ano. Uma das vítimas registrou a ocorrência no dia 10
No início de fevereiro, a Justiça não aceitou o pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra a estudante. A decisão concordou com o posicionamento do Ministério Público, que entendeu que o caso se tratava de crimes de estelionato, não de apropriação indébita, como ela havia sido indiciada, e pediu que fosse feita uma lista com o prejuízo individual dos alunos. Cada vítima teria de mostrar interesse em representar pelo crime.
Na apropriação indébita, uma pessoa recebe da vítima a posse de um bem de forma legal, se apropriando dele mais tarde de forma irregular.
No estelionato, a má-fé acontece antes da posse do bem e força a vítima a um engano.
Segundo apurado pelo g1, o Instituto de Criminalística analisou ao menos dois celulares, um smartwatch, cartões bancários e HD externo, que devem ser devolvidos a ela. Sobre um tablet, a investigação sugeriu que seja leiloado por ter sido adquirido com dinheiro do fundo, e a quantia arrecadada revertida para entidades beneficentes.
O carro de luxo alugado por ela com o dinheiro dos alunos já foi devolvido à empresa em fevereiro.
Fonte: g1
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