Há seis anos, o médico cubano Porfírio Rodriguez Lopez não exerce a profissão na qual é formado há mais de três décadas. Mas a expectativa dele é poder voltar à clínica, depois que o governo federal relançou o programa Mais Médicos, nesta segunda-feira (20).
Porfírio chegou ao Brasil no fim de 2013 para trabalhar no programa, por meio de um acordo do governo federal com Cuba. Ele foi designado para trabalhar na estratégia de saúde da família em Lagoa de Velhos, que conta com uma população de 2.800 habitantes, no interior do Rio Grande do Norte.
No Brasil, ele fez uma especialização em Saúde da Família pela Universidade Pelotas, no Rio Grande do Sul. No entanto, o médico saiu do programa em 2016.
Porfírio não quis deixar o Rio Grande do Norte para voltar para seu país natal, mas como consequência, também não pôde exercer a profissão na qual é formado, porque não é diplomado no Brasil e não tinha revalidação de diploma.
Apesar disso, ele não se distanciou da área da saúde. Depois do programa acabar, ele afirma que conseguiu abrir uma farmácia, onde trabalhou até 2019. Naquele ano, começou a trabalhar como diretor de um hospital e, mais tarde, coordenador de Saúde no município de Sitio Novo, vizinho a Lagoa de Velhos, na região Agreste potiguar, onde ficou até novembro de 2020.
Em junho de 2021, começou a atuar como diretor da unidade mista de Lagoa de Velhos, onde permanece. Perto do ambiente onde sempre atuou, ele afirma que sente saudades do ofício.
"Estou trabalhando em uma unidade mista. Sou diretor e vejo coisas que eu posso fazer e não tenho acreditação (autorização) para fazer. Então fica sempre uma vontade", relata.
O profissional relatou que realizou prova de revalidação do diploma e aguarda o resultado do processo. Mesmo que não volte ao programa, se ele tiver o diploma revalidado poderá atender no país. O médico pretende continuar na região onde mora. "O pessoal é muito acolhedor e é um lugar tranquilo para poder estudar", relatou.
Mais Médicos
No relançamento do programa, o governo federal afirmou que pretende expandir de 13 mil para 28 mil, o número de profissionais em atendimento pelo país. Atualmente, são 18 mil vagas, mas 5 mil postos estão desocupados.
O valor das bolsas continuará o mesmo já oferecido atualmente pelo programa, de cerca de R$ 12,8 mil. Os médicos ainda recebem auxílio-moradia, que varia de acordo com a região de atuação.
Outras 10 mil vagas serão criadas por meio de contrapartida dos municípios, ou seja, o Ministério da Saúde vai fazer a seleção dos médicos, e os municípios arcarão com os custos.
O novo formato do programa mantém a possibilidade de atuação de médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior, mas segue dando preferência para atuação dos nativos formados no país.
Cubanos poderão participar do Mais Médicos seguindo as regras dos demais profissionais estrangeiros. Mas a prioridade, reforçou a ministra Nísia Trindade, será de brasileiros com diploma válido no Brasil.
"Eles [cubanos] podem participar nas regras do programa. Aqueles médicos sem registro no Brasil, após cumprido o primeiro critério, que é a prioridade do médico brasileiro formado no país, podem participar", disse.
Fonte: g1
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