terça-feira, março 14, 2023

'Eles bateram na minha bunda, pra mim foi um abuso', diz passageira que foi sequestrada por quadrilha de motoristas de aplicativos em SP

A influenciadora digital Giovanna Pacheco, de 19 anos, que foi sequestrada por uma quadrilha de motoristas de carros por aplicativo no dia 2 de março, contou à TV Globo que ficou mais de oito horas com os bandidos.


Vítima de motoristas de aplicativo — Foto: Reprodução/Redes Sociais


"Isso aconteceu no dia 2 às 4h20 da manhã, eu entrei em um carro por aplicativo e passou 10 minutos de corrida e o carro parou, nisso dois meninos entraram. Parece que eles já estavam nos seguindo, pelo que vi depois das câmeras de segurança. Eles entraram no carro pedindo meu celular e minha bolsa, pegaram minhas senhas, entraram nas minhas contas bancárias e na galeria do celular. Pegaram tudo e depois começaram a mandar mensagem para meus amigos e familiares", afirmou Giovanna.



"Eles bateram na minha bunda e enviaram fotos minhas pessoais para o aparelho deles. Ficaram olhando minhas fotos e me chamando de gostosinha, pra mim foi um abuso", disse a jovem, que foi importunada sexualmente pela quadrilha.

Segundo a vítima, os criminosos tentaram aplicar golpes com transferência via pix usando a rede social dela, mas nenhum dos seguidores chegou a enviar valores.


Três criminosos foram presos em flagrante por sequestrar, roubar e estuprar passageiras. Uma das vítimas abusadas disse que, além de roubarem seu dinheiro, bateram em seu bumbum: 'Pra mim foi um abuso', falou a influenciadora Giovanna Pacheco — Foto: Anderson Colombo/TV Globo


A quadrilha foi presa na noite de segunda-feira (14). Três homens foram presos em flagrante pela Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 4ª Delegacia Seccional da Zona Norte. Houve troca de tiros entre os criminosos e os policiais. Mas nenhum deles se feriu.



Os criminosos já eram investigados por usarem carros de aplicativo e o cativeiro para cometerem crimes contra outras seis passageiras neste ano na Grande São Paulo. Todas foram sequestradas e roubadas. Algumas delas também acabaram estupradas ou violentadas sexualmente pelos bandidos.


A jovem foi outra vítima da quadrilha num dos sete casos investigados em 2023 pela polícia. Um vídeo gravado por câmera de segurança de um prédio mostra o momento que ela pede um carro por aplicativo na madrugada de 2 de março. Ela foi chamada pelos policiais para ir a delegacia que investiga o caso identificar os criminosos.


A vítima foi obrigada a passar R$ 10 mil para as contas deles para não ser morta. “Queriam R$ 40 mil, mas eu não tinha”, falou a influenciadora.


A passageira só foi libertada pela quadrilha depois de transferir o dinheiro. Os criminosos pediram um outro carro por aplicativo para levá-la para casa. Em suas redes sociais, Giovanna comentou o caso e alertou as mulheres para terem cuidado ao pedirem corridas por aplicativos.


Outro comparsa do grupo fugiu, foi identificado e é procurado pelos policiais. Uma mulher que havia sido sequestrada pelos bandidos foi libertada pela polícia. Ela estava dentro do carro por aplicativo usado pela quadrilha.



Os bandidos não chegaram a roubar dinheiro e nem abusar sexualmente dela. Os policiais já estavam investigando o bando e o deteve quando pegaram a vítima nos Jardins, bairro nobre do Centro de São Paulo, e seguiam com ela pela região de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital.


Segundo a polícia, a quadrilha pretendia levá-la para um cativeiro em Itaquaquecetuba, cidade da Grande São Paulo.


Como a quadrilha agia

Para cometer os crimes, a quadrilha agiu da seguinte maneira, de acordo com a investigação policial:


Os criminosos eram cadastrados como motoristas de carros por aplicativos de celular. Quando uma mulher sozinha pedia uma corrida, o motorista ia até o local e pegava a passageira.

Depois, durante o trajeto, ele fingia uma pane no carro e parava o veículo. Nesse momento, outro veículo que seguia o automóvel também parava e os bandidos desciam armados dele.

O grupo anunciava o assalto e entrava no carro por aplicativo com a passageira e o motorista, que fingia ser vítima também. Mas na verdade também era integrante da quadrilha.

A mulher abordada era ameaçada de morte pelo bando se não transferisse dinheiro por Pix (transferência bancária por aplicativo de celular) para contas dos criminosos.

Durante o assalto, a vítima era levada para um cativeiro numa casa em Itaquaquecetuba. Lá, ela também podia ser abusada sexualmente, como algumas vítimas relataram.


Delegado indiciou bando por crimes

Segundo a polícia, os três presos confessaram os crimes.


“As vítimas ficavam em poder da quadrilha entre 1 hora a 12 horas. [Os bandidos] eram agressivos com as vítimas. [Eles] vão responder por extorsão qualificada, roubo majorado [levar o bem de alguém sob ameaça], tentativa de homicídio em cima dos policiais [por terem atirado contra os agentes] e organização criminosa. Somadas as penas deverão passar mais de 40 anos na cadeia", disse o delegado Ronald Quene Justiniano, que também irá responsabilizá-los por estupros e outros crimes crimes sexuais contra algumas das vítimas.


A reportagem entrou em contato com as empresas responsáveis por administrar os aplicativos de celular, mas não teve respostas até a última atualização desta reportagem.


Fonte: g1

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