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quinta-feira, janeiro 26, 2023

Nove palestinos morrem em ataque israelense na Cisjordânia

Nove palestinos, incluindo uma idosa de 60 anos, morreram nesta quinta-feira (26) durante uma operação do Exército de Israel em Jenin, na Cisjordânia ocupada, segundo o Ministério da Saúde palestino.


Multidão carrega corpos dos oito dos nove palestinos mortos durante operação do Exército de Israel em Jenin, na Cisjordânia — Foto: Majdi Mohammed/ AP


Foi um dos maiores números de mortos em um só dia em conflitos entre israelenses e palestinos dos últimos anos. Só em 2023, 29 palestinos morreram durante confrontos com as forças de Israel. No ano passado, foram mais de 200 mortos, um recorde.


A operação do Exército israelense ocorreu dentro de um campo de refugiados na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada - território conquistado por Israel da Jordânia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Tel Aviv alegou que cumpria um mandado de prisão a um homem acusado de ter ligações com a Jihad islâmica - grupo armado que prega a destruição do Estado judeu.


O Exército de Israel afirmou que suas forças dispararam contra "vários terroristas" ao entrar em um prédio com suspeitos. Houve confusão e tiros também na saída.


Homens enfrentam Exército de Israel durante confronto em Jenin, na Cisjordânia, em 26 de janeiro de 2023. — Foto: Majdi Mohammed/ AP


A ministra da Saúde palestina, Mai Al Kaila, afirmou que, ao fim da busca pelo suspeito, militares israelenses "jogaram deliberadamente granadas de gás lacrimogêneo" na ala pediátrica de um hospital de Jenin, "o que provocou a asfixia de algumas crianças". Israel nega.


"Ninguém disparou gás lacrimogêneo deliberadamente contra um hospital (...), mas a operação ocorreu não muito longe de um hospital e é possível que o gás lacrimogêneo tenha entrado por uma janela aberta", alegou um porta-voz do Exército israelense à agência de notícias AFP, rejeitando as acusações palestinas.


O porta-voz da Jihad Islâmica, Tariq Salmi, disse que o grupo "seguirá resistindo".


"A resistência está por toda parte e está preparada para o próximo confronto caso o governo fascista (israelense) e seu Exército criminoso continuem atacando nosso povo, nossa terra e nossos lugares sagrados", afirmou.


'Suspeitos'

No final da manhã, os serviços de emergência trabalhavam entre os escombros, no campo de Jenin, onde as paredes de vários prédios estavam enegrecidas pelos incêndios, apurou um fotógrafo da AFP.


As instalações, criadas em 1953, são uma cidade dentro da cidade e abrigam cerca de 20 mil refugiados, segundo a UNRWA, agência da ONU encarregada dos refugiados palestinos.


Em maio de 2021, a jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh, estrela da televisão Al Jazeera, foi morta enquanto cobria um ataque israelense ao local.


O Exército israelense, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, realiza operações quase diárias nesse território palestino, principalmente no norte, nos setores de Jenin e Nablus, redutos de grupos armados palestinos.


"O Exército israelense destrói tudo e atira em tudo que se move", disse à AFP o vice-governador de Jenin, Kamal Abu Al Rub, acrescentando que os moradores vivem "em estado de guerra".


Segundo a Cruz Vermelha, a retirada de muitos feridos foi difícil, disse a ministra Al Kaila.


'Massacre'


Pessoas mortas durante operação do Exército israelense na Cisjordânia, em 26 de janeiro de 2023. — Foto: Raneen Sawafta/ Reuters


A ministra palestina convocou uma "reunião de emergência" com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).


"O que está acontecendo em Jenin e em seu campo é um massacre perpetrado pelo governo de ocupação israelense", disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

"A ocupação pagará o preço por este massacre que cometeu em Jenin e em seu campo de refugiados", prometeu em nota Saleh Al Aruri, autoridade do Hamas, o movimento islâmico palestino no poder na Faixa de Gaza.


O secretário-geral da Liga Árabe denunciou um "massacre sangrento" perpetrado "sob as ordens diretas do (primeiro-ministro israelense Benjamin) Netanyahu e seu Estado-Maior".


Fonte: g1

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