O deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, afirmou nesta terça-feira (31) que tem uma relação "tranquila" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que críticas feitas a Lula no passado "nunca" foram pessoais.
Lira deu as declarações ao conceder entrevista ao "Estúdio i", da GloboNews.
No ano passado, Lira apoiou a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL), mas, desde que Lula venceu Bolsonaro nas urnas, ele teve diversas reuniões com o petista.
"Nunca fiz críticas ao presidente Lula, nem pessoais, nem políticas. Eu as rebatia quando vinham críticas a respeito do Orçamento. Eu fazia isso de maneira muito clara. Nada na política interfere. No meu ponto de vista, eu não deixo que os problemas locais de Alagoas interfiram no discernimento do que é melhor para o país e para os partidos", afirmou Lira.
"A relação [com Lula] é tranquila, é amistosa", declarou.
A votação para presidente da Câmara está marcada para esta quarta-feira (1º) e, também em entrevista à GloboNews, o adversário de Lira na disputa, Chico Alencar (PSOL-RJ), disse que o governo pode pagar "caro" pelo apoio do PT a Lira.
Na ocasião, Alencar argumentou que, quanto mais votos Lira receber, maior será a força do deputado do PP para, por exemplo, exigir ministérios de Lula.
Orçamento Secreto
Lira voltou a defender as emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto, mecanismo de distribuição de verbas com critérios pouco transparentes que foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Lira, isso reduz a capacidade do governo de fidelizar a base no Congresso, já que a equipe de Lula não terá controle sobre o empenho e a execução das verbas.
“Esse governo inicia já com metade do orçamento municipalista [secreto] impositivos, de emendas individuais. Portanto, na minha visão, o governo que se inicia perdeu metade da sua mobilidade de conseguir a sua base no Congresso Nacional no que vai demandar muito mais trabalho”, afirmou Lira.
“O Orçamento do rp9 não era impositivo. Ou seja, só era cadastrado se o governo quisesse, empenhado se o governo quisesse, e pago se o governo quisesse”, disse.
Minuta golpista
Lira disse ainda não ter tido acesso à minuta golpista encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, durante busca e apreensão no âmbito do inquérito que o investiga nos atos de 8 de janeiro.
“Esse assunto nunca chegou no Parlamento, na Câmara dos Deputados, com certeza. A esta presidência também não. Nunca ninguém teve essa ousadia de tratar sobre um assunto como esse. Teria tido nossa rechaça imediata”, disse. “A Câmara dos Deputados nunca compactuaria com qualquer tipo de acinte à nossa democracia, ao Estado Democrático de Direito.”
Coaf
Questionado na entrevista sobre a medida provisória editada pelo governo Lula que devolveu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Fazenda, Lira disse que a posição "majoritária" de deputados com quem ele tem conversado é de devolver o Coaf ao Banco Central.
"Com relação ao Coaf, a posição majoritária com deputados, que ouço e com quem converso, é que tendem a devolvê-lo para o Banco Central", afirmou Lira.
Perguntado se é a favor de o Congresso transferir o Coaf para o Banco Central, Lira respondeu: "Eu penso que a maioria dos deputados, hoje, pensa assim". "Mas na hora da apreciação da MP a gente deve ter uma fotografia mais ampla deste assunto."
O Coaf é uma unidade de inteligência financeira e atua principalmente para combater o crime de lavagem de dinheiro.
Até o governo Michel Temer, o Coaf era vinculado ao Ministério da Fazenda. No governo Jair Bolsonaro, o órgão foi transferido para o Ministério da Justiça, depois voltou para a Fazenda (à época Ministério da Economia) e, posteriormente, foi transferido para o Banco Central.
Novo arcabouço fiscal
Lira também foi questionado sobre a possibilidade de o governo Lula apresentar um novo "arcabouço" fiscal para o país.
"Esse texto [a ser enviado pelo governo] tem que ser amadurecido para que tenha uma quantidade de votos igual ao quórum [para mudança] constitucional. Tem que vir um texto médio, um texto que tenha responsabilidade fiscal, que tenha limites para gastos públicos no Brasil, mas que permita ao mesmo tempo o avanço dos programas sociais", afirmou.
Fonte: g1
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