O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (18) "mais severidade" nas investigações dos ataques golpistas ocorridos em Brasília, inclusive sobre a possibilidade de participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para Lula, o silêncio de Bolsonaro – antes, durante e depois dos atos de vandalismo – gera a "impressão" de que o ex-presidente "sabia de tudo o que estava acontecendo".
O petista deu a declaração em entrevista a Natuza Nery, da GloboNews.
“Acho que a decisão dele de ficar quieto depois de perder as eleições, semanas e semanas sem falar nada; a decisão dele de tomar a decisão de não passar a faixa para mim, de ir embora para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa; e o silêncio dele mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava acontecendo”, afirmou.
“Possivelmente, esse Bolsonaro estivesse esperando voltar para o Brasil na glória de um golpe”, acrescentou.
O petista disse ainda esperar que, além de Bolsonaro, "todas as pessoas sejam investigadas" e que o respeito ao princípio da presunção de inocência seja preservado durante as apurações.
"Quem vai provar isso [participação de Jair Bolsonaro] são as investigações", declarou. "Se o [Jair] Bolsonaro tiver participação direta [nos atos], ele tem que ser punido", acrescentou.
Na avaliação de Lula, ainda que não seja possível cravar que Jair Bolsonaro será "carta fora do baralho" político na disputa presidencial em 2026, é preciso articular – no Brasil e com lideranças internacionais – o combate a discursos de ódio e aumentar o convencimento de que o "regime democrático é melhor".
Segundo Lula, a proposta de uma iniciativa global será levada para discussão com representantes estrangeiros nos próximos dias, como o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, com quem Lula deve se reunir no dia 30 de janeiro.
“Eu vou propor. Eu já conversei com gente francesa, com gente espanhola, com alemã. Nós precisamos fazer uma unidade do pessoal progressista e democrático do mundo, fazer uma reunião pra gente estabelecer uma ação de enfrentamento para não permitir o ressurgimento do nazismo ou do fascismo. Nós precisamos ter competência para convencer a sociedade de que o regime democrático é melhor. Nós temos que estabelecer que a política existe para você estabelecer cordialidade, debates políticos, divergências e consolidar o processo democrático”, declarou à GloboNews.
"O que precisamos é derrotar essa narrativa fascista que tem no Brasil. Aí, nós vamos ter que as forças democráticas se manifestem – não importa a qual partido político a pessoa pertença, não importa a origem social. O que nós queremos é que todas as pessoas – do mais humilde brasileiro ao mais importante brasileiro – que todos se manifestem em defesa da democracia", disse.
Mais cedo, em cerimônia no Planalto, o petista atribuiu a culpa pelos movimentos golpistas ao "ódio" incentivado por Bolsonaro nos últimos quatro anos. "O que eu sei é que ele tem culpa porque ele passou quatro anos instigando o povo ao ódio, mentindo pra sociedade brasileira e instigando que o povo tenha que tá armado pra poder garantir a democracia", disse.
Encontro com Biden
Essa unidade, de acordo com Lula, deve ser tema de um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em fevereiro.
O presidente também disse que deseja abordar como o Partido Democrata pretende enfrentar o ex-presidente Donald Trump, símbolo da extrema direita e próximo de Bolsonaro, nas próximas eleições.
“Vou lá conversar com [Joe] Biden, eu quero saber como eles estão fazendo. Porque, pela imprensa que eu estou vendo, parece que o pessoal dos Republicanos está ficando mais forte, parece que o discurso radical tá ficando mais forte e me parece que os democratas estão tendo um pouco de dificuldade, e vai ter eleição daqui dois anos”, disse.
“O Trump está tendo um crescimento nas pesquisas da opinião pública, sabe? Então é preciso que os democratas digam o que eles vão fazer para ganhar as eleições”, afirmou.
Fonte: g1
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