A Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap) informou nesta quinta-feira (10) que o paciente que estava improvisando uma sacola de supermercado por falta da bolsa de colostomia não estava em nenhuma fila do sistema de regulação do estado para realizar cirurgia.
Segundo a pasta, o problema aconteceu por um erro do município de Natal. Alexandre Beveluto, de 40 anos de idade, vive há quase quatro anos com a necessidade de uma bolsa de colostomia e aguardando um procedimento cirúrgico no intestino.
"O mesmo chegou a ser inserido, mas teve a solicitação negada por ter sido inserido, pelo município de Natal, de maneira errada. É necessário que o município do paciente, no caso Natal, insira-o corretamente e assim, realizar os procedimentos necessários", disse a Sesap em nota.
Também em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que "o fluxo de marcações de consultas sofreu modificações no mês de abril deste ano, mesmo mês da negativa e do pedido de correção para o paciente ser inserido novamente no sistema".
Uma imagem da fila de regulação à qual o g1 teve acesso mostra a solicitação feita pelo município em setembro de 2019. Mas em abril desse ano o pedido foi negado por "problemas ao carregar histórico de procedimentos".
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o sistema foi alterado em abril e a prefeitura teria que refazer a solicitação para que Alexandre entrasse na fila de regulação, mas esse pedido não foi refeito.
"Esses anos todos esperando por essa cirurgia através desse cadastro e, quando você recebe a notícia, você não está cadastrado. Infelizmente é um absurdo com a saúde pública. A gente que depende dos órgãos público pena", lamentou Alexandre.
Ao ter conhecimento do caso, a Secretaria de Saúde de Natal agendou uma consulta médica na manhã desta sexta (11) para o paciente no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e informou que, após a consulta, caso seja confirmada a possibilidade de intervenção cirúrgica, o paciente será encaminhado dentro do próprio sistema municipal de saúde.
Problema com as bolsas
Alexandre precisou improvisar uma sacola de supermercado como bolsa de colostomia ao alegar que as bolsas recebidas da rede pública de saúde não eram suficientes para o período indicado e por não ter condições de comprar mais.
A diretora do Centro de Referência Infantil (CRI), Célia Melo, onde é feita a distribuição, explicou que essa entrega é de responsabilidade é o estado e que o suporte no deslocamento até o centro é uma atribuição do município.
"Nós confiamos muito que a atenção primária faça essa busca ativa considerando a responsabilidade dos entes. E a gente entende que as secretarias municipais de saúde são responsáveis por fazer essa busca ativa", explicou a diretora.
Ela reforçou ainda que caso um paciente não se adapte a uma bolsa pode solicitar um outro tipo.
"As bolsas que nós entregamos são de boa qualidade. De modo que os usuários podem retirar, fazer a dispensação desses resíduos e recolocar. Caso o paciente não se dê bem com algum tipo de bolsa, vem até a unidade, relata para a enferemeira e automaticamente é feita a troca dessa bolsa", reforçou.
Doações
Após a repercussão do caso, Alexandre recebeu doações de bolsas de colostomia de pessoas que se comoveram com a história. E conseguiu tirar a sacola de supermercado, o que o possibilitou dormir melhor. No último mês, com a sacola, ele ficava de joelhos e encostava o peito na cama para conseguir descansar.
"Pelo menos agora eu posso ter umas noites mais tranquilas pra dormir. É um alívio, por enquanto, mas o alívio mesmo vai ser quando eu fizer essa cirurgia, porque o meu foco é esse", disse. "Mas minha vida já deu uma reviravolta, já estou com meu ânimo mais elevado".
Fonte: g1
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