O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), propôs, durante pronunciamento nesta quarta-feira (16) na COP 27, no Egito, uma aliança global para combater a fome em todo o mundo. Ele também cobrou dos países ricos o cumprimento da promessa de recursos para enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas nos países mais pobres.
O presidente eleito desembarcou no Egito na última segunda-feira (14) para participar da COP 27. Ele foi convidado pelo presidente do país, Abdel Fatah al-Sissi.
Esta é a primeira viagem de Lula ao exterior desde a vitória nas eleições de 2022 contra o presidente Jair Bolsonaro, que não viajou para a COP 27.
No discurso, Lula:
Criticou gastos de trilhões de dólares em guerras, enquanto 900 milhões passam fome;
Cobrou países ricos pelo cumprimento dos acordos climáticos e o financiamento de ações ambientais dos países pobres;
Sem citar Bolsonaro, criticou o governo atual pela devastação do meio ambiente;
Pediu a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e o fim do privilégio do veto de alguns países;
Prometeu esforços para zerar o desmatamento até 2030 e punir garimpo, mineração, extração de madeira e agropecuária indevida;
Anunciou a criação do Ministério dos Povos Originários;
Propôs uma Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades;
Ofereceu o Brasil como sede da COP 30, em 2025, em algum estado amazônico;
Afirmou que o agronegócio será aliado estratégico na busca por agricultura sustentável;
Propôs a Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, com Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
"Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso, estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática", disse Lula no discurso.
De acordo com o petista, "a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo".
Lula criticou gastos com guerras, enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo. E fez apelo por uma união para enfrentamento da "tragédia climática".
"O planeta que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer."
Ele apontou que "ninguém está a salvo" das mudanças climáticas, mas que os efeitos do aquecimento global recaem "com maior intensidade sobre os mais vulneráveis".
Por isso, cobrou dos países mais ricos o cumprimento da promessa de aplicação de recursos para ajudar os países em desenvolvimento a superarem os problemas causados pelas mudanças climáticas.
"Eu queria lembrar a vocês que, em 2009, os países presentes na COP 15, em Copenhagen, se comprometeram em mobilizar 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 – portanto, já se passaram dois anos – para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática", disse o presidente eleito.
"Então, eu não sei quantos representantes de países ricos têm aqui, mas eu quero dizer que a minha volta também é para cobrar aquilo que foi prometido na COP 15. É triste, mas esse compromisso não foi nem está sendo cumprido", afirmou Lula.
A Cúpula do Clima serve para que os países possam discutir as mudanças climáticas e propor medidas para a redução de gases do efeito estufa.
Mais cedo nesta quarta, Lula disse que pedirá à Organização das Nações Unidas (ONU) para a Amazônia sediar a Conferência do Clima (COP) em 2025.
Novo governo e Amazônia
Lula afirmou também no discurso que "o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável" e de "um mundo mais justo".
Ele afirmou que não apenas "a paz e o bem-estar do povo brasileiro, mas também a sobrevivência da Amazônia e, portanto, do nosso planeta" estavam em jogo nas eleições presidenciais de 2022, em que ele derrotou o presidente Jair Bolsonaro.
O petista criticou o atual governo e afirmou que, com a volta dele à presidência, o Brasil irá "reatar os laços com o mundo e ajudar novamente a combater a fome no mundo". Ele também afirmou que a defesa do meio ambiente será prioridade em seu futuro governo.
"Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram ao assinar a Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas."
"Por esse motivo, quero aproveitar esta conferência para anunciar que o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu governo. Vamos priorizar a luta contra o desmatamento em todos os nossos biomas", disse Lula.
O presidente eleito disse que os crimes ambientais cresceram "de forma assustadora" durante o governo Bolsonaro, mas que, no governo, dele serão "combatidos sem trégua".
"Vamos fortalecer os órgãos de fiscalização e os sistemas de monitoramento, que foram desmantelados nos últimos quatro anos. Vamos punir com todo o rigor os responsáveis por qualquer atividade ilegal, seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida", afirmou ele.
De acordo com Lula, o Brasil estará aberto à cooperação internacional na luta para frear o desmatamento. Entretanto, segundo ele, essa ajuda será "sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania".
O presidente eleito anunciou ainda que irá propor a realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, que reúne Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, para discutir "a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática".
Ele propôs ainda que o Brasil seja sede da COP 30, que acontecerá em 2025.
Lula ainda defendeu a construção de "uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade" e de uma "nova governança global".
"O mundo de hoje não é o mesmo de 1945. É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito a alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz", disse.
Fonte: g1
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