quinta-feira, novembro 17, 2022

Justiça Federal decreta bloqueio de R$ 500 milhões de 15 suspeitos de irregularidades na FGV


A Justiça Federal decretou o bloqueio de R$ 500 milhões de 15 investigados por suspeitas fraudes na Fundação Getúlio Vargas (FGV).


A decisão é do juiz Vítor Valpuesta, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.


Nesta quinta-feira (17), a Polícia Federal realizou a Operação Sofisma. Os agentes federais ficaram na sede da FGV, na Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio, quase por todo o dia.


Houve buscas de documentos em salas dos executivos que, segundo a Polícia Federal, formavam uma organização criminosa e praticavam ainda fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.


A decisão judicial autorizou 29 mandados de busca e apreensão contra executivos e diretores da fundação no Rio de Janeiro e São Paulo.



O g1 pediu um posicionamento à FGV e aguarda resposta. A reportagem também tenta contato com os investigados.


O presidente da instituição, Carlos Ivan Simonsen Leal, não é citado na operação desta quinta-feira.


Entre os citados estão César Cunha Campos, que foi diretor executivo da FGV Projetos, entre 2003 e 2019, e Ricardo Simonsen, diretor técnico da FGV Projetos desde 2003.


Durante o cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão em um endereço, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, um homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma. A identidade dele não foi divulgada.


A operação desta quinta-feira é uma consequência das delações premiadas de Carlos Miranda, braço direito e considerado "homem da mala" de Sérgio Cabral e de depoimentos do próprio Cabral.


Em 2019, Carlos Miranda disse ao Ministério Público Federal que a cúpula da FGV usava a Fundação para operacionalizar propinas e desvios de dinheiro. Segundo as investigações, a manobra "seria um biombo ilegal feito através de pareceres contratados para analisar contratos públicos".


As investigações apontam que os executivos investigados têm envolvimento na produção de pareceres fraudulentos de um setor da fundação chamado FGV Projetos. Essas análises viabilizaram, segundo as investigações, obras no então governo Sérgio Cabral e possibilitaram a distribuição de propinas aos envolvidos.



Um dos exemplos citados pelos procuradores foram os estudos para a realização da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público Federal, a FGV superfaturou contratos realizados por dispensa de licitação e era utilizada para fraudar processos licitatórios.


Segundo a decisão, os executivos da FGV encobriam os superfaturamentos e desvios com a contratação de empresas indicadas por agentes públicos, e também por empresas de fachada, criadas pelos próprios executivos.


As investigações apontam que os executivos da fundação também usavam empresas offshores em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas. A ideia era, segundos os investigadores, ocultar os valores ilícitos.


Os procuradores também identificaram que alguns investigados enviaram dinheiro para fora do Brasil, sem declarar à Receita Federal.


Em 2018, a Lava Jato já havia apontado crimes envolvendo a FGV.


Na operação C'est Fini, os investigadores descobriram irregularidades no projeto de cooperação que a FGV fez com o governo do RJ no leilão do antigo banco do Estado do Rio de Janeiro, o Berj.


Na época, policiais e procuradores apontaram o pagamento de propina de R$ 6 milhões ao grupo comandado pelo governador Sérgio Cabral.


Em 2021, o Ministério Público Federal pediu o afastamento de integrantes da diretoria da FGV com base nessas investigações. Mas a fundação assinou um termo de ajustamento de conduta com o MP e conseguiu que a diretoria não fosse afastada.


Fonte: g1

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