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quinta-feira, novembro 17, 2022

Investidores, economistas e Centrão reagem à PEC da Transição; Gleisi diz que mercado não passa fome

A PEC da Transição apresentada pela equipe de Lula (PT) na quarta-feira (16) causou reação forte negativa não só no mercado financeiro– o dólar abriu em forte alta nesta quinta (17) –, mas também em parlamentares do Centrão e em economistas e integrantes da equipe de transição que fazem parte da chamada “frente ampla” – e que dizem não ter sido consultados para montar o texto.


Gleisi (ao fundo) acompanhada de Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, na quarta-feira (16) em Brasília. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO


O texto propõe, entre outras coisas, que o Auxílio Brasil (que voltará a ser chamado de Bolsa Família) e outros gastos sociais fiquem permanentemente de fora do teto de gastos, mecanismo implementado no governo de Michel Temer (MDB) para limitar o aumento das despesas do governo federal.


Um parlamentar da cúpula do Congresso diz ao blog:


“Frente Ampla [termo usado pela equipe de Lula para alegar diversidade de posições no grupo de transição] está parecendo escola de samba: foi só o abre-alas. Todas as alas seguintes foram todas do PT. É isso que a PEC da transição está mostrando.”

Procurada pelo blog, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu e nega que não tenha havido consultas para a construção do texto. Afirma que senadores do MDB e do PSD, por exemplo, foram consultados, e ressaltou que o relator do orçamento de 2023 é do MDB.


Sobre as críticas do mercado, Gleisi disse ao blog o seguinte:


"Esse pessoal não vai mudar o que fizemos na campanha. Não vamos fazer estelionato eleitoral. Para de mimimi", afirma. "Esse mercado é uma vergonha, ninguém está passando fome no mercado."

Gleisi disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu “coisa pior” do ponto de vista dos gastos públicos, e que não viu mercado reagir assim:


“Já sabiam que ia acontecer. Nós e Bolsonaro dissemos na campanha. Bolsonaro prometeu coisa que nem podia fazer. Óbvio que [o Bolsa Família] é extratexto, vamos parar com essa palhaçada. Se quer fazer sua agenda, bota nome na praça e vai buscar voto. Eles [o mercado financeiro] estão especulando. Quer dizer que aumentar despesa com juros não tem problema, mas pelo lado do Bolsa Família tem problema? Eles que vão buscar voto, por que não se manifestaram durante a campanha? Nao estamos na década de 90 que mercado é todo poderoso. Vergonhoso”.


Segundo o blog apurou, parlamentares do MDB e do PP têm repetido que só topam aprovar a PEC com um ano de validade. Mas Gleisi disse ao blog contar com Arthur Lira pelos quatro anos.


“Porque se for por um ano não precisa da Câmara. A gente faz tudo pelo Judiciário. Mas Lira disse que ia fazer de tudo – pela política – para ajudar”.

Como o blog vem informando, o Ministério da Fazenda de Lula vai ser uma vitrine social, em busca de uma bandeira para o PT. A bandeira, como Lula vem reafirmando, vai ser priorizar o pobre e os programas sociais.


Por isso, as declarações de Lula têm reforçado a percepção de que o presidente eleito está “preparando o terreno” para diluir o impacto do futuro Ministro da Fazenda, que deseja que seja um petista como Fernando Haddad.


A busca interna, agora, é pelo nome do Planejamento: se vai ser um liberal, e qual nome aceitaria. O favorito da ala de Alckmin é Persio Arida, mas petistas preferem André Lara Resende.


Fonte: Blog da Andréia Sadi

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