Os três condenados a 207 anos de prisão por participação na Chacina de Quixeramobim, que resultou na morte de quatro pessoas em 2018, fugiram logo após o julgamento, arrombando a grade da cela do veículo que os conduzia para o presídio. A fuga aconteceu com o carro da polícia em movimento.
Izaias Maciel da Costa, Mateus Fernandes dos Santos Sousa e Francisco Fábio Aragão da Silva fugiram na noite desta sexta-feira (25).
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que os quatro policiais penais responsáveis pela escolta dos condenados, "armados, treinados e equipados, só perceberam a fuga ao chegarem para a unidade prisional".
Ainda conforme a SAP, após notarem a fuga, equipes do Grupo de Apoio Penitenciário (GAP) iniciaram as buscas. A polícia também usa equipamentos como drones e câmeras termais para auxiliar na procura pelos foragidos.
"A SAP comunica que já abriu uma investigação interna rigorosa para apurar o ocorrido na noite desta sexta-feira, além de ter encaminhado a situação para a Delegacia de Assuntos Internos (DAI)", informou a pasta.
Fuga
Os três fugitivos foram condenados a 207 anos e quatro meses de reclusão em julgamento ocorrido em Fortaleza. A sessão teve início às 9h e foi concluída às 23h30 desta sexta, na 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, após transferência da comarca de origem.
Os três réus foram condenados por homicídios qualificados por motivo torpe — disputa de facções criminosas — e recurso que impossibilitou defesas das vítimas, bem como por integrarem organização criminosa.
De acordo com a presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), Ruth Leite Vieira, policiais penais que não quiseram se identificar se queixaram de três agentes terem feito a escola dos presos, com alta periculosidade, sozinhos durante a madrugada. Segundo eles, tais condições de escolta são inadequadas — o que foi corroborado em particular pela representante do órgão.
"São presos de alta periculosidade, conduzidos por três policiais penais na madrugada, com grandes chances de fuga ou resgate [...] É uma escolta inadequada em razão das circunstâncias."
No vídeo recebido pelo g1, o compartimento destinado a presos no veículo policial aparece vazio e com uma abertura na tela de proteção e segurança. Nas imagens, é possível ver que o cadeado permanece fechado, mas a estrutura está danificada.
Julgamento
O processo tramitava na Comarca de Quixeramobim, mas foi transferido para Fortaleza conforme previsão baseada no artigo 427 do Código de Processo Penal. Isso ocorre em razão de o legislador, por exemplo, pressupor riscos de imparcialidade do júri ou segurança pessoal na comarca de atuação.
Após o julgamento, os réus receberam as seguintes penas:
Mateus Fernandes de Sousa (conhecido como “Gato a Jato”): 66 anos de reclusão;
Izaias Maciel da Costa (conhecido como “Mucuim”): 70 anos e 8 meses de reclusão;
Francisco Fábio Aragão da Silva (conhecido como “Pão”): 70 anos e 8 meses de reclusão.
A pena aplicada a Mateus foi menor em razão de a participação dele em organização criminosa não ter ficado comprovada. A decisão ainda cabe recurso.
Como foi o crime
A chacina ocorreu em 28 de junho de 2018, por volta das 20h30, no Assentamento Irmã Tereza, no Bairro Conjunto Esperança, em Quixeramobim. Na ação criminosa, um grupo de homens encapuzados chegou em carros e motos ao local, atirando contra pessoas que estavam em uma casa.
Três mulheres — uma delas adolescente — e um homem morreram na hora: Antônia Damila Alves Pereira (25), que respondia por tráfico ilícito de drogas; Francisco Neto Lopes de Sousa (22), com passagem por homicídio doloso; Antônia Heyla Ferreira Galdino (20), sem antecedentes criminais; e Débora Mayra do Nascimento de Souza (16), também sem antecedentes.
Além do quarteto, um homem de 52 anos também foi atingido pelos tiros. Ele, contudo, foi levado por moradores das redondezas para uma unidade hospitalar do município.
Fonte: g1
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