Mais de uma tonelada de óleo foi coletada no Rio Grande do Norte até a segunda-feira (10), de acordo com informações do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). Pelo menos 1.256 kg do material foram encontrados por homens da Defesa Civil de 12 cidades litorâneas do Estado até o domingo (9). Na segunda, foram recolhidos, segundo o Idema, “fragmentos oleosos de grande tamanho nas praias de Maracajaú, Caraúbas, Barra de Maxaranguape e Muriú”. A pesagem da substância, no entanto, ainda não havia sido informada nem ao Idema nem à Defesa Civil do RN até esta quinta-feira (13), pelas prefeituras.
Desde a segunda, segundo a Defesa Civil do RN, não são encontrados fragmentos no litoral do Estado. As investigações estão a cargo da Marinha e da Polícia Federal, mas as causas seguem sem resposta. Na capital, informou o Idema, os registros mais recentes são do domingo – três quilos – totalizando 73 kg desde o surgimento da substância no litoral do Estado, no mês passado.
Os vestígios têm sido encontrados, principalmente, na região localizada entre o posto policial e o antigo Hospital de Campanha, na Via Costeira. A maior parte do óleo recolhido no RN até agora está no litoral Sul, especialmente nos municípios de Nísia Floresta (500 kg) e Baía Formosa (400 kg). Além disso, também no litoral Sul, foram encontrados fragmentos em Tibau do Sul (47 kg), Canguaretama (31 kg) e Parnamirim (26 kg).
Os municípios de Senador Georgino Avelino e Touros ainda não possuem registros, mas estão no radar do monitoramento feito a partir de um grupo de trabalho.
No litoral Norte, os registros indicavam o recolhimento de 46 kg em Extremoz, 30 kg em Ceará-mirim (sem os resultados da nova pesagem) e 103 kg em Rio do Fogo. Segundo os dados do Idema, na segunda-feira foram realizadas vistorias nas praias de Touros, Carnaubinhas, Perobas, Rio do Fogo, Zumbi, Pititinga, Maracajaú, Caraúbas, Barra de Maxaranguape, Muriú, Portomirim, Jacumã e Pitangui.
“Fragmentos oleosos de grande tamanho” foram encontrados nas praias de Maracajaú, Caraúbas, Barra de Maxaranguape [todas em Maxaranguape] e Muriú [Ceará-Mirim], sendo necessária ações de limpeza, dessas áreas, segundo o Idema.
A pesagem oficial do material, contudo, ainda não tinha sido informada até a quinta. As informações sobre a quantidade de óleo encontrada são repassados pelas prefeituras para o Idema e para a Defesa Civil do Estado. “Da segunda-feira para cá [quinta-feira] não foram registrados novos aportes de óleo no litoral potiguar”, afirmou o coordenador da Defesa Civil do RN, coronel Marcos Carvalho.
A subcoordenadora de Planejamento e Educação Ambiental do Idema, Iracy Wanderley, disse que o enfrentamento direto da questão cabe à União e que as investigações estão a cargo da Marinha e da Polícia Federal. No mês passado, a Marinha informou ter coletado amostras do óleo encontrado no Estado e enviou para análise do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (Ieapm), no Rio de Janeiro. Procurada pela TRIBUNA DO NORTE para esclarecer em que pé andam as análises, a Marinha não respondeu até o fechamento desta edição.
A PF do Rio Grande do Norte, por sua vez, disse que, “tal investigação deve estar ocorrendo na PF/PE, onde teriam sido registrados os primeiros casos. Na PF/RN, até está data, não há nada sobre o assunto”. A PF de Pernambuco não retornou aos questionamentos da reportagem. O Idema, que monitora as aparições da substância por meio de um grupo de trabalho, composto pela Defesa Civil do RN, Defesas Civis municipais, Marinha (via Capitania dos Portos), PF e Secretaria de Saúde do Estado (Sesap/RN), afirmou não ter recebido nenhuma previsão de resposta sobre as análises.
“Aqui no Rio Grande do Norte, nós não temos manchas de óleo. O que temos são fragmentos – pedaços de óleo. Quem faz a limpeza são as prefeituras, com a orientação do grupo de trabalho, através de protocolos de meio ambiente e saúde. Tão logo a gente tenha a sinalização do recorte de óleo, ou seja, quando ele não aparecer mais, todo o material vai ser encaminhado à empresa Mizu Cimentos, que irá recepcioná-lo como aconteceu em 2019 e 2020”, explicou Iracy Wanderley, do Idema.
Marinha indica que houve incidente
No mês passado, o 3º Comando do Distrito Naval da Marinha do Brasil destacou, sobre o surgimento do material, a “indicação de que houve um novo evento”, cuja hipótese mais provável aponta para um incidente com “petróleo cru”, proveniente de descarte irregular após lavagem de tanques de navio petroleiro. Análises prévias da Marinha feitas com resíduos encontrados em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia indicam que não há relação com o derramamento de óleo registrado no segundo semestre de 2019. Sem em a conclusão dos estudos mais aprofundados, no entanto, não é possível dizer se o material poluente encontrado hoje é de mesma origem do que chegou em todo o litoral brasileiro há três anos, conforme a nota técnica.
“Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina). Em análise muito rápida, verifica-se a complexidade do problema representado pelos derramamentos de óleo no mar, cujo enfrentamento requer vigilância e esforços constantes”, afirma um trecho do documento.
Os registros de óleo no litoral do Rio Grande do Norte este ano surgiram na primeira quinzena de setembro, mas não é a primeira vez que a contaminação no litoral potiguar acontece. Entre 2019 e o início de 2020, foram recolhidos, aqui no RN, 35 toneladas de óleo.
A substância continua sendo encontrada também em outros estados do Nordeste. Em Pernambuco, até a semana passada, já haviam sido coletadas 7 toneladas do resíduo, além de notificações de manchas em praias de Alagoas, e Bahia, também na última semana. Paraíba e Sergipe também registraram contaminação entre agosto e o mês passado.
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!