Pais e mães protestaram na tarde desta sexta-feira (21) contra a retirada da ala de pediatria da UPA Pajuçara, na Zona Norte de Natal. A mudança foi anunciada pela Secretaria Municipal de Saúde na quinta-feira (20) para acontecer a partir do dia 1º de novembro. O ato também teve a participação de membros do Sindicato dos Servidores da Saúde no RN (Sindsaúde).
Os moradores cobravam uma solução da prefeitura para que a ala não fosse fechada, já que muitas pessoas dependem do atendimento na região.
"Meu filho sofre de asma crônica. Desde os seis meses de idade ele é tratado aqui na UPA", contou a dona de casa Shirley Santana, que sempre levou o filho Davi, atualmente com seis anos, à UPA para ser atendido.
Pais e mães reclamaram também do deslocamento necessário para a UPA Potengi, local que vai concentrar os atendimentos pediátricos na Zona Norte.
"Nós não temos transporte público, não temos como levar. Mas mesmo que vá para o Potengi, vai superlotar, porque pro Potengi também vai o pessoal de São Gonçalo do Amarante. A UPA Pajuçara é muito importante pra todas essas mães e todas essas crianças", pontuou a dona de casa Kaline Nicácio.
A manifestação ocupou todas as faixas da Avenida Moêma Tinôco, o que atrapalhou o trânsito. Um dos motoristas quis passar à força e avançou pra cima dos manifestantes, quase atropelando pais e crianças. Nesse momento, houve um tumulto.
Mudanças
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mudança no fluxo acontece para otimizar as escalas, já que, segundo a SMS, há uma dificuldade de encontrar profissionais com a especialidade em pediatria, "em razão de diversos fatores, entre eles agressões sofridas durante os atendimentos clínicos, conforme relatado pela empresa contratada em reunião com a SMS".
Os atendimentos na Zona Norte serão concentrados na UPA Potengi. "Se for pra centralizar numa UPA, só isso vai ser o fechamento de um sevriço e vai estrangular o atendimento lá na UPA Potengi, que já está extremamente extrapolado. Tem poucos servidores, poucos médicos", disse a diretora do Sindsaúde, Érica Galvão.
Sobre a dificuldade de profissionais especialistas em pediatria, o presidente da Sociedade de Pediatria do RN disse que não faltam trabalhadores no mercado local.
"Não falta em número. O que acontece é que os médicos pediatras ou em geral não tem interesse em atuar nas UPAs pelas cooperativas, porque não há uma regularidade de pagamentos. Eu tenho informações que às vezes eles ficam mais de três meses sem receber a remuneração", pontuou Reginaldo Holanda, presidente da sociedade.
O que diz a cooperativa médica
Em nota a Cooperativa de Médicos do RN (Coopmed) disse que o ano de 2022 tem sido atípico com o o aumento no número de atendimentos no pronto-socorro na ala de pediatria, inclusive com casos mais graves e mais indicações de internações, o que elevou a demanda de profissionais na rede pública e privada.
Segundo a cooperativa, a necessidade e busca pro profissionais ficou maior que a disponibilidade no mercado e a sobrecarga acabou por ampliar o tempo de espera para atendimento, gerando um aumento nos casos de violência contra os médicos. Após essas ocorrências, alguns profissionais teriam adoecido e outros pedido afastamento.
A cooperativa disse ainda que outro fator da saída de alguns profissionais foram as vagas que surgiram no setor privado e o fato de que o pagamento dos salários da rede pública e privada tem uma diferença de cerca de 90 dias.
Fonte: g1
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