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sexta-feira, outubro 07, 2022

Lula diz ser contra o aborto e que discussão sobre o tema é 'papel do Legislativo'

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a dizer nesta sexta-feira (7) que é contrário ao aborto e afirmou que cabe ao Congresso o "papel" de discutir mudanças na legislação sobre o tema.


O candidato do PT, Lula, ao lado de Alckmin e Haddad durante entrevista em Guarulhos, na Grande São Paulo — Foto: Luiza Vaz/TV Globo


Lula participou de uma caminhada com apoiadores em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele percorreu trajeto em um veículo, acompanhado de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa, e Fernando Haddad (PT) que disputa o segundo turno da eleição ao governo de São Paulo contra Tarcísio de Freitas (Republicanos) – candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL).


Durante entrevista, Lula foi questionado sobre qual posicionamento tem relação ao aborto. "É uma resposta que já dei: sou contra o aborto, sou pai de cinco filhos, avô de oito netos, bisavô de uma bisneta. A lei existe e a lei diz o que pode acontecer com o aborto", afirmou Lula.



O petista acrescentou que é necessário entender que "a mulher tem supremacia sobre o seu corpo".


"Quem tem que decidir sobre o aborto é quem está gravida, que é a mulher, que tem que ter mais poder de dizer se quer ou não quer. A lei [sobre o aborto] existe. Isso não é o papel do presidente da República. É papel do legislativo, e sobretudo é um papel que cabe muito da gente entender que a mulher tem supremacia sobre o seu corpo", afirmou.

A declaração de Lula ocorre em um momento no qual a campanha petista articula uma mudança de tom para tentar conquistar mais votos entre o eleitorado cristão, em especial o evangélico – que tem maior afinidade a Jair Bolsonaro.


O petista já gravou um vídeo em que diz: “não só eu sou contra o aborto como as mulheres com quem eu casei são contra o aborto. Eu acho que quase todo mundo é contra o aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e dolorida”.


Com a ajuda de interlocutores cristãos, caso da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), o candidato do PT elabora ainda uma carta aos evangélicos, que deve ser divulgada na próxima segunda-feira (10).



Em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro reagiu ao movimento de Lula. Bolsonaro afirmou que o adversário "agora tenta dizer que é contra o aborto, enquanto é apoiado por quem defende; que é cristão, enquanto é apoiado por quem odeia igreja".


"Não há nada mais vergonhoso do que defender uma ideia contrária a tudo aquilo que você acredita só para ser aceito", disse Bolsonaro.


Pressão na Petrobras

Também em entrevista, Lula comentou a pressão que o presidente Jair Bolsonaro vem fazendo sobre a Petrobras para evitar aumento no preço dos combustíveis antes do segundo turno da eleição, marcado para o próximo dia 30.


Lula disse que Bolsonaro quer tirar "proveito eleitoral" da estatal e que toma medidas que, na avaliação do petista, deveriam ter sido adotadas antes de o preço dos combustíveis disparar.


"Neste instante, ele está brigando com Petrobrás para que não aumente a gasolina até o dia 30 de outubro. Ou seja, ele está utilizando a eleição para fazer tudo aquilo que deveria ter feito antes das eleições. O preço da gasolina não precisava ter chegado onde chegou, o preço do diesel, o preço do álcool não precisava chegar onde chegou. Chegou porque a gente não tinha governo, porque ele não tinha responsabilidade", disse.


Bloqueio na Educação

Lula também criticou o bloqueio, feito pela gestão Bolsonaro, no Ministério da Educação, o qual atinge, principalmente, as universidades federais.


"Eu acho irresponsabilidade do presidente da República. De um lado, ele corta e do outro ele fala que vai recolocar. Ele acaba de cortar dinheiro da educação e fala que não é corte, é contingenciamento. É corte mesmo. Ele tira dinheiro da merenda escolar, ele não aumenta o salario mínimo", disse.


O presidente afirmou ainda que, se for eleito, aproveitará o avanço da digitalização no Poder Público para substituir o orçamento "secreto" pelo "participativo".


"Nós vamos fazer, aproveitando o muito digital, o orçamento participativo, fazer a sociedade contribuir com o orçamento. O que o povo quer que faça nesse país? Ele quer uma ponte, um metrô, um hospital? Não vai ser só um engenheiro que vai decidir o que vai fazer. Nós vamos ouvir o povo porque assim a gente vai fazer muito mais uma política de respeito ao povo brasileiro", afirmou.


Criticado pela falta de transparência e igualdade na distribuição de recursos, as emendas de relator do Orçamento ficaram conhecidas como "orçamento secreto". O mecanismo aumenta a possibilidade de influência política sobre a destinação de verbas federais.


Lula e o candidato do PT ao governo de São Paulo, Haddad, durante ato com apoiadores em Guarulhos — Foto: Renato Biazzi/TV Globo


Foco em SP e Nordeste

Políticos locais, como o deputado estadual eleito Eduardo Suplicy (PT-SP), também acompanharam o ex-presidente no ato de campanha em Guarulhos.


Na retomada da campanha ao Palácio do Planalto nesta semana, Lula focou suas ações em São Paulo – estado que é o maior colégio eleitoral do país com 34,6 milhões de eleitores. Nesta quinta-feira, o petista participou de passeata em São Bernardo do Campo, berço do sindicalismo na região do ABC Paulista. Neste sábado (8), ele cumpre agenda em Campinas (SP).


O petista também tem tentado ampliar a vantagem que tem sobre Bolsonaro na região Nordeste. Nesta quinta, em discurso, ele explorou uma fala do adversário para pedir a quem tem "uma gota de sangue nordestino" que não vote no candidato do PL.


Em Guarulhos, Lula afirmou nesta sexta que se eleito ajudará o governo estadual a ampliar o metrô de São Paulo para que o serviço chegue à cidade.


Simone Tebet

Nesta semana, Lula recebeu o apoio da candidata derrotada do MDB à Presidência, Simone Tebet. Na última quarta-feira, a emedebista fez um pronunciamento em que afirmou reconhecer no petista 'compromisso com a democracia' – o que disse não enxergar em Jair Bolsonaro.


Ela também pediu à campanha petista que incorpore ao menos cinco das propostas que defendeu ao longo da campanha ao Palácio do Planalto.


A senadora afirmou ter pedido ao candidato do PT a inclusão de propostas que pretendem:


zerar a fila de vagas em creches e escolas para crianças;

a implementação do ensino médio técnico em tempo integral;

o pagamento de R$ 5 mil para formandos do ensino médio;

zerar a fila de procedimentos na saúde e aumentar repasses ao Sistema Único de Saúde;

a igualdade de salário entre homens e mulheres e a composição ministerial plural.


Fonte: g1

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