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segunda-feira, outubro 10, 2022

Depois de receber pernas amputadas de parente em caixa de papelão, família é chamada para buscar pé que faltava

Um recado que acompanhava a caixa descrevia os membros amputados, mas avisava que faltava um dos pés. De acordo com a sobrinha de Deonir por volta das 16h desta segunda-feira (10), o hospital foi até a casa da família informar e pedir que eles buscassem o membro.


Membros foram entregues em caixa de papelão — Foto: Reprodução


Depois de entregar as pernas amputadas de Deonir Teixeira Paixão para a família em uma caixa de papelão, o Hospital Regional de Paraíso do Tocantins entrou em contato para informar que havia encontrado o pé que faltava em uma das pernas do pedreiro. O pedreiro de 46 anos teve as pernas amputadas após um acidente de moto no domingo (9). Secretaria de Saúde informou que vai ressarcir os gastos que a família teve.



A equipe do hospital entregou uma caixa de papelão com os membros e, segundo a família, os servidores disseram que se eles não levassem, iriam descartar no lixo. Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que houve 'falha de comunicação'. (Veja nota no final da matéria).


De acordo com uma sobrinha de Deonir, que não quis se identificar, um funcionário do hospital foi até sua casa informar que a unidade tinha encontrado o pé que faltava. Eles tiveram que contratar uma funerária para tratar do enterro dos membros. "A funerária recolheu. Eles entregaram dentro de um recipiente, um balde cheio de formol, já direto para enterrar", disse.


Família ficou em choque ao receber pernas dentro de caixa de papelão — Foto: Reprodução/TV Anhanguera


Enterro em fazenda

Quem recebeu a caixa com os membros foi o irmão de Deonir, Enoc Batista de Souza, ainda durante a noite. A família contou que eles tiveram que comprar um caixão de criança.


Na tarde desta segunda-feira, a funerária levou os membros amputados para uma fazenda da família, local escolhido para fazer o enterro. "Foi tanto constrangimento, tanta dor que a gente passou que a gente decidiu que iria ficar como já estava sendo feito", disse a sobrinha.


Ela contou ainda que até esta tarde, Deonir, que foi levado para uma UTI do Hospital Geral de Palmas (HGP), está sedado e seu estado é estável.


Depois de toda a repercussão do caso, a família disse que a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) os procurou para recolher os membros novamente e pagar o gasto da família.


Diante da falha ocorrida pela equipe, a SES confirmou que está dando o suporte necessário e que os valores a serem ressarcidos dependerão dos comprovantes apresentados pelos parentes.


O caso

A família informou que foi chamada na unidade de saúde durante a noite para assinar um termo e ficar com os membros.


"O hospital nos entregou em mãos. Disseram que se a gente não recebesse para enterrar eles iriam descartar no lixo hospitalar. Não avisaram nada de que iriam enterrar ou incinerar tudo direitinho”, disse uma sobrinha do paciente, que preferiu não ser identificada. Aproveitaram da fragilidade do filho, do irmão, que acabaram de passar por uma situação muito grave. Muito constrangedor isso aqui."


Em casos de amputação, a unidade hospitalar deve informar a família do paciente sobre a necessidade do procedimento e oferecer a escolha de levar os membros ou deixar o descarte a cargo do serviço de saúde. É o que explica uma nota da Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins.


Deonir estava em uma motocicleta com a namorada quando sofreu um acidente na entrada da cidade. Ele perdeu uma das pernas ainda no local, e a outra precisou ser amputada no hospital.


A família decidiu procurar uma funerária da cidade, mas o estabelecimento não sabia como proceder. "O funcionário que foi lá tinha 14 anos de serviço e disse que isso nunca tinha acontecido. [Disse] que quando entregam o membro eles pegam no necrotério. O filho que recebeu o material está em estado de choque. Chamamos a funerária porque não sabíamos o que fazer. Receber o resto de uma pessoa e enterrar no fundo de um quintal? Era 30% do corpo dele. As duas pernas inteiras", disse a sobrinha da vítima.


Normas após amputação

Conforme a SES, todas as unidades hospitalares estaduais seguem um protocolo padrão dentro das resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 306 (2004) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 358 de (2005).



"Em caso de amputações a equipe multiprofissional da unidade hospitalar informa aos familiares sobre a necessidade do procedimento para a manutenção da vida do paciente e no ato é dada à família a escolha de levar os membros ou deixar a cargo do serviço de saúde, o descarte dos mesmos", informou a SES.


Quando o hospital é responsável pelo descarte, ele ocorre através de empresa especializada contratada para a realização do serviço, e o material não é tratado o material como lixo comum.


O que diz a Secretaria Estadual de Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamenta a falha na comunicação entre a equipe plantonista do Hospital Regional de Paraíso do Tocantins e os familiares do paciente Deonir Teixeira da Paixão, quanto aos esclarecimentos sobre os descartes de membros amputados.


A SES-TO destaca que todas as unidades hospitalares estaduais seguem um protocolo padrão dentro das resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 306 (2004) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 358 de (2005), as quais versam sobre a disposição final de resíduos dos serviços de saúde.


A SES-TO pontua que em caso de amputações a equipe multiprofissional da unidade hospitalar informa aos familiares sobre a necessidade do procedimento para a manutenção da vida do paciente e no ato é dada à família a escolha de levar os membros ou deixar a cargo do serviço de saúde, o descarte dos mesmos.



Quando o hospital é responsável pelo descarte de membros ele ocorre através de empresa especializada contratada para a realização do referido serviço, a qual não trata o material como lixo comum.


No caso em questão, a SES-TO enfatiza que a equipe multiprofissional não soube explicar o trâmite à família, que decidiu levar os membros. Para isso, os familiares assinaram um termo de responsabilidade, o qual consta, inclusive, relatado no prontuário do paciente.


A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que contatou a família para oferecer suporte necessário diante da falha ocorrida pela equipe do Hospital Regional de Paraíso.


Dentre as providências tomadas pela Pasta estão a sindicância para apuração do caso e responsabilização dos responsáveis pelos transtornos e a reparação dos prejuízos financeiros causados aos familiares.


Quanto aos valores, a SES-TO destaca que dependerão dos comprovantes apresentados.


Fonte: g1

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