A ex-ministra e senadora eleita pelo Distrito Federal Damares Alves (Republicanos) disse nesta quinta-feira (13) que as denúncias de tráfico e de abuso sexual contra crianças feitas por ela durante um culto se basearam em “conversas” que tem “com o povo na rua”.
No sábado (8), durante culto na igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro afirmou que crianças da Ilha de Marajó, no Pará, são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais.
No discurso, Damares descreveu com detalhes escatológicos o que ela diz ter sido descoberto pelo governo Bolsonaro. A ex-ministra disse ainda que as denúncias estavam baseadas em imagens obtidas e guardadas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
À Rádio Bandeirantes, ela atribuiu a fala a “coisas que chegam na ouvidoria” da pasta.
“O que eu falo no meu vídeo são as conversas que eu tenho com o povo na rua. Eu não tenho acesso, os dados são sigilosos, mas nenhuma denúncia que chegou na ouvidoria deixou de ser encaminhada”, disse, acrescentando que as informações eram repassadas ao Ministério Público.
Pouco antes, na mesma entrevista, Damares apresentou outra versão. Ela afirmou que “relatórios da CPI" da Pedofilia do Senado e inquéritos poderiam comprovar as declarações.
“Vocês querem que eu fale agora o nome da criança, o número do inquérito, o nome do delegado? Eu tenho aqui, eu estou em casa, mas tudo isso está documentado. Eu não estou inventando”, declarou.
Nos últimos dias, órgãos de segurança e investigação do Pará pediram explicações e provas ao ministério sobre as alegações feitas por Damares. O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) também encaminhou pedidos de esclarecimentos.
Em nota nesta quinta, o MPF-PA destacou que, nos últimos 30 anos, “nenhuma denúncia” sobre tráfico de crianças no Marajó tinha relação com torturas e detalhes mencionados pela ex-ministra.
“O Ministério Público Federal atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó, no Pará. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves no último dia 8”, disse.
A Procuradoria ainda relembrou que segue aguardando resposta da pasta.
Fonte: g1
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