Policiais federais passaram a criticar internamente a atuação do ministro da Justiça, Anderson Torres, no caso envolvendo a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson.
Neste domingo (24), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão domiciliar de Jefferson e determinou que o ex-deputado voltasse para a prisão. Quando policiais federais chegaram à residência de Jefferson, ele os atacou com o fuzil e as granadas. Somente após oito horas desrespeitando a ordem do Supremo, Jefferson se entregou.
Por determinação do presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres se dirigiu ao estado do Rio de Janeiro para acompanhar o caso.
Roberto Jefferson é aliado do presidente Jair Bolsonaro e costuma se dizer "fã" do candidato à reeleição.
De forma reservada, policiais federais avaliaram que o comportamento de Anderson Torres não foi usual, o que demonstra a "falta de autonomia" da PF em casos que envolvam aliados do presidente da República.
"Embora o correto fosse a imediata intervenção do grupo tático, os fatos demonstram que a PF não possui a autonomia necessária para cumprir sua função quando o interesse do governo vai no sentido contrário", disse à GloboNews um delegado, na condição de anonimato.
Constituição
Policiais disseram ainda que a Constituição é clara sobre a atribuição de policiais em casos como esse – e que não cabe a atuação e deslocamento do ministro da Justiça, como ocorreu.
"O Artigo 144 da Constituição é claro ao determinar que a polícia judiciária da União é a PF e não o MJ", disse um dos delegados.
O artigo 144 da Constituição diz: "A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal".
Delegados também reclamaram sobre "a falta de prioridade" de Anderson Torres em relação aos policiais feridos.
O ministro, que é delegado federal, foi o último a lamentar que os policiais ficaram feridos — fez isso somente após notas oficiais de sindicatos que representam agentes e delegados e só depois que o ministro Alexandre de Moraes se solidarizou com os agentes.
"Se fosse um país sério, onde se valoriza a polícia, teriam mandado o ministro no hospital ver a situação dos colegas, não na casa do bandido", disse um dos delegados, reservadamente.
Fonte: g1
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