Ministros e líderes do Centrão aconselham o presidente Jair Bolsonaro (PL) a evitar confrontos com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e concentrar suas energias em cuidar do seu capital político para as eleições municipais.
Segundo eles, Bolsonaro tem mais a perder do que a ganhar, porque é alvo de várias investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), e seus filhos também enfrentam inquéritos no Ministério Público.
“Bolsonaro precisa agir em duas frentes. Cuidar pessoalmente dele e de seus filhos, que são alvos de investigações. E do seu grupo político, que, mesmo derrotado, saiu com força das eleições deste ano, conquistando o principal Estado do país, São Paulo”, avaliou ao blog um ministro ligado diretamente ao presidente da República.
Na noite de domingo (30), após a eleição, Bolsonaro não ligou para Lula nem fez uma declaração reconhecendo a vitória do petista. Ele preferiu se recolher no Palácio da Alvorada, evitando conversas até com seus aliados mais próximos. A expectativa é que ele fale nesta segunda-feira (31). Após o fim da apuração, o presidente eleito disse que Bolsonaro não ligou para ele nem sabe se vai ligar.
Segundo ministros diretos do presidente, ele precisa ler os sinais que foram emitidos após o resultado de domingo. Alguns de seus aliados mais importantes já reconheceram a vitória de Lula. Entre eles, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Para os aliados, isso mostra que Bolsonaro não terá apoio fora de seu grupo ideológico para qualquer tipo de confronto com Lula.
Bolsonaro e seus filhos estão sob investigação. O presidente está no inquérito das "fake news" e é investigado também por conta de seu desempenho durante o combate à pandemia do coronavírus. Os filhos Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro são investigados pelo crime de rachadinha. Além disso, Bolsonaro decretou sigilo de cem anos em vários casos de seu governo, que, agora, podem ser levantados.
“Partir para o confronto vai aguçar um sentimento de revanchismo por parte de quem vai assumir o governo. E, a partir do ano que vem, Bolsonaro não terá mais a proteção de Augusto Aras, ele perde o foro privilegiado”, alertou um aliado.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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