“Minha consciência não tem preço”. A frase é da empresária Daniele Aguiar, de Belo Horizonte, que devolveu uma transferência de quase R$ 30 mil que recebeu por engano. A transação via PIX ocorreu nesta segunda-feira (5).
A repercussão tomou conta das redes sociais depois que Vivi Wanderley publicou o relato em um dos perfis oficiais. Ela é influenciadora digital, com quase 14 milhões de seguidores em uma das páginas, e filha de Daniele.
“Uma pessoa depositou R$ 30 mil sem querer na conta da minha mãe. Ela foi na delegacia para devolver e falaram que ela não era obrigada. Eu não sabia disso, fiquei chocada, no final deu certo e ela devolveu”, escreveu.
A influenciadora ainda questionou os seguidores sobre a atitude deles, caso eles também recebessem a quantia por engano.
Mesmo número
Daniele contou que recebeu diversas ligações enquanto trabalhava nesta manhã. Durante o processo de criação, ela evita atender as chamadas. Mas o número, então, enviou uma mensagem por aplicativo.
Um fato interessante chamou a atenção da empresária: o número de telefone era idêntico ao dela, com exceção do código de área, equivalente ao interior do estado. Foi aí que Daniele resolveu responder.
Durante a conversa ela descobriu que havia recebido a transferência.
“A filha de uma senhora com 67 anos me mandou mensagem e ligou, me contando que a mãe fez uma transferência de forma equivocada para mim. Ela digitou o número e não conferiu o nome do destinatário. Como o número era o mesmo, ela concluiu a transação”, contou.
Daniele contou que ficou insegura, acreditando que poderia estar sendo vítima de um golpe. Ela chegou a conferir a conta bancária e não percebeu um valor à mais. Foi quando a verdadeira destinatária do dinheiro explicou para qual instituição bancária o valor foi enviado.
Tratava-se de uma conta pouco utilizada pela empresária. Assim que monitorou o saldo, percebeu que havia sim um crédito de quase R$ 30 mil.
Temendo se ver envolvida em uma transação ilegal, a empresária seguiu para uma delegacia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), onde conferiu a autenticidade da origem do dinheiro.
‘Não é obrigada’
Os servidores da Polícia Civil consultaram o banco de dados da corporação e descobriram que nenhuma das pessoas envolvidas no equívoco tinha registro criminal.
O que mais assustou Daniele é que, quando relatou o caso para os agentes da PCMG, recebeu a informação de que não era obrigada a devolver o dinheiro.
“A primeira coisa que passou pela minha cabeça é que Deus está vendo. A gente acha que as pessoas não estão sabendo, mas Ele está. Minha consciência não tem preço”, afirmou.
A empresária disse que combinou a devolução do dinheiro conforme o limite praticado pela instituição bancária. A maior parte do valor já voltou para a origem. Uma última parcela será enviada nesta terça-feira (6).
Pagar contas
A remetente da transferência mora em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O código de área na cidade é 34. Em Belo Horizonte, o código telefônico é 31.
Os dígitos 1 e 4, geralmente, ocupam a mesma coluna no teclado dos telefones e aparecem um seguido do outro. O que reforça a possibilidade de um erro de digitação no momento em que a transferência foi realizada. A chave PIX utilizada era o número do celular.
A verdadeira destinatária da transferência contou que a mãe dela utilizaria o dinheiro para pagar algumas contas.
“A gente trocou na pressa de fazer o pagamento. Não nos atentamos para o nome e passou”, afirmou a mulher, que preferiu não ser identificada.
O susto veio assim que o erro foi descoberto.
“No primeiro momento foi péssimo. Hoje, através do PIX, o banco não pode fazer mais nada. A gente se sente meio impotente, dependendo da boa vontade e índole da outra pessoa que recebeu”, contou.
A mulher ainda contou ter esperança de que o número de pessoas boas no mundo é maior do que o de pessoas ruins.
“Falei com ela que esperava ter encontrado uma pessoa boa. A gente, infelizmente, não quer passar por isso. Acho que ninguém quer. Na minha opinião, é muito dinheiro”, contou.
Fonte: g1
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