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quarta-feira, setembro 21, 2022

'Foi triste, mas realizei um sonho', diz morador do interior do RN que fez vaquinha para ir ao funeral da Rainha Elizabeth II

O paraibano Alberto Mendes, de 18 anos, realizou um sonho na última semana em meio ao luto. Morador de Nísia Floresta, no Leste potiguar, ele é admirador da monarquia e conseguiu participar da despedida da Rainha Elizabeth II, que morreu no último dia 8 de setembro.


Para estar presente no velório e acompanhar o funeral da monarca, ele fez uma "vaquinha" para cobrir, mesmo que parcialmente, os quase R$ 14 mil investidos na viagem.


"Recebi mensagens de amigos que me apoiaram o tempo todo. Eles me diziam que estavam felizes por mim e eu respondia que estava triste e feliz ao mesmo tempo. Triste por ter perdido a rainha. E feliz por ter realizado esse sonho", afirmou.



A viagem teve início na última quarta-feira (14) e não foi simples. Alberto seguiu de carro para João Pessoa, depois em novo veículo foi até o Recife. De lá, embarcou para São Paulo e ficou no Aeroporto de Guarulhos por 24h, até pegar um voo direto para Londres.


Ele chegou em Londres na sexta-feira (16) e retornou ao Brasil nesta terça (20). Nesse espaço de tempo, participou do velório público e o funeral da rainha. Alberto não fala inglês fluente e diz saber "apenas o básico para se virar".


No velório, ele afirmou ter dedicado mais de 20h entre o trajeto que percorreu até obter uma fita, necessária para participar do momento, e a fila de 30km propriamente dita até o Palácio de Westminster.


Já no funeral, que era apenas para convidados, Alberto participou à distância, porém esteve na grade, local mais próximo que pode. "Falam que os britânicos são frios, mas posso dizer exatamente o contrário. Foram solícitos, me acolheram, me ajudaram, foram calorosos. Foi muito emocionante pra mim", afirmou o estudante.


Durante o funeral, exclusivo para convidados, Alberto ficou próximo a grade. — Foto: Arquivo pessoal


Financiamento

Entre o dia 8 de setembro, dia da morte da rainha, e o embarque foram apenas seis dias. Nesse período, Alberto precisou ter coragem para realizar uma promessa que adiou por duas ocasiões. Ele tinha se planejado, inicialmente, para comparecer ao aniversário de 96 anos da monarca e aos festejos do jubileu dos 70 anos de reinado. Nas duas ocasiões, os planos não foram concretizados.


"Se eu não conseguisse dessa vez, seria uma grande frustação", afirmou Alberto. Ele afirmou que olhava os preços das passagens para Londres com alguma frequência e viu as tarifas dispararem. "O que custava R$ 4 mil, disparou para R$ 9 mil, R$ 10 mil. O preço foi pras alturas após o anúncio da morte da rainha", disse.



Diante desse cenário, Alberto teve ajuda de uma amiga, Magna, para achar uma passagem mais em conta. Após tantas pesquisas, eles encontraram bilhetes em algo perto de R$ 9 mil e a vaquinha surgiu como uma forma de encurtar o caminho entre o sonho e a realidade.


"Eu pedia qualquer coisa. Mandei para todos os meus amigos. Eles acharam que eu tinha sido hackeado, eu fazia questão de ligar pra eles e mostrar que era verdade, eles me ajudaram muito", explicou.


O financiamento coletivo seguiu até a última quarta-feira (14), dia em que deixou sua residência em Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte, rumo ao seu sonho. Alberto conseguiu algo perto de R$ 5,5 mil, que foram direcionados ao pacote contratado. O restante do dinheiro foi custeado pelo cartão de crédito do pai, para Alberto pagar nos meses posteriores à viagem.


Entre alimentação, passagens, seguro, hospedagem e gastos emergenciais, a estimativa é que a despedida tenha custado algo próximo a R$ 14 mil. "Valeu a pena. Isso fica pra história", explicou.


Ao centro, Alberto ao lado de outras pessoas que aguardavam, na fila, para acessar o velório público. — Foto: Arquivo pessoal


Amor pela coroa

A história de admiração de Alberto não só pela rainha, como toda a coroa britânica teve início há dez anos. Ele conta que teve o primeiro contato através da capa de uma revista, com uma foto da Rainha Elizabeth II, ainda jovem.


"Um dia cheguei pro meu pai e perguntei quem era essa mulher. Ele me explicou, falou que era a rainha da Inglaterra. Eu fiquei maravilhado, tinha oito anos, não sabia nem que existia rei, essas coisas", disse.


Desde então, Alberto se interessou pelo assunto e passou a ser um consumidor de conteúdo ligados à monarquia britânica. Leu livros, assistiu filmes e séries, além de se inteirar por pesquisas na internet sobre a história e como os membros da coroa estão atualmente. Especificamente em relação à Elizabeth II, Alberto destaca que ser uma mulher em posição de soberania e sua simpatia chamaram sua atenção.


"O amor que eu tive era a questão da simpatia, a grande elegância. Tem também a questão de soberania, por ser uma mulher a frente do seu tempo. Ela é conhecida no mundo inteiro, isso me fascinou", explicou.


Fonte: g1

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