O comitê de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) acendeu um sinal de alerta após o candidato à reeleição voltar a atacar o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro costuma atacar as urnas, mas recentemente disse que iria respeitar o resultado da eleição. Em viagem a Londres, porém, o presidente disse acreditar que vai ganhar no primeiro turno e que, se isso não acontecer, é porque algo de "anormal" aconteceu.
Para integrantes da campanha, com os novos ataques, o presidente pode perder a eleição ainda no primeiro turno, com uma eventual vitória de Lula (PT).
Pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira (19) mostrou Lula em primeiro lugar, com 47% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro apareceu com 31%, mostrando uma diferença de 16 pontos.
Ainda conforme a pesquisa, Lula tem 52% dos votos válidos, o que lhe daria vitória em primeiro turno.
A volta da escalada de ataques à Justiça Eleitoral preocupa aliados e a equipe do comitê de reeleição. Pesquisas internas mostram que Bolsonaro perde pontos sempre que faz um discurso numa linha autoritária e insinuando que pode não respeitar o resultado da eleição caso Lula vença a disputa.
Um aliado disse ao blog que Bolsonaro só tem a perder com os ataques ao processo eleitoral no Brasil e que isso já foi dito a ele.
"Ele estava no caminho certo, chegou a dizer que respeitaria o resultado e passaria a faixa para o seu sucessor, mas agora essa volta desse discurso nos preocupa na reta final", afirmou.
Um outro assessor disse que a fala do presidente tem mais o objetivo de "mobilizar" os seus apoiadores nesta reta final, principalmente com o PT tentando criar um clima para ganhar a eleição presidencial ainda no primeiro turno. Reconhece, porém, que ele acaba escorregando e volta a insinuar que pode não respeitar o resultado da eleição, o que afasta ainda mais os indecisos.
Na avaliação de aliados, a tática do PT de ganhar no primeiro turno vai ser reforçada se Bolsonaro insistir nesta linha. Segundo eles, o eleitor indeciso e aqueles que votam em Ciro Gomes e Simone Tebet serão estimulados a optarem por Lula para acabar com a eleição já nesta primeira etapa.
Para eles, é a tática errada e demonstra certo desespero do presidente com a possibilidade de uma derrota, contrariando a avaliação interna de que o presidente vai conseguir passar para o segundo turno. As pesquisas internas, que não são registradas no TSE, apontariam para uma diferença entre cinco e seis pontos.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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