A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) participa de um consórcio multinacional, liderado pelo Istituto Nazionale di Astrofisica (INAF), da Itália, para desenvolver um instrumento que permitirá aos astrônomos estudar, entre outras coisas, as atmosferas de planetas semelhantes à Terra fora do sistema solar.
Denominado Andes (sigla em inglês para ArmazoNes high Dispersion Echelle Spectrograph), o instrumento deverá ser instalado no telescópio de 39 metros do Observatório Europeu Austral, atualmente em construção no Cerro Armazones, localizado no norte do Deserto do Atacama, no Chile.
De acordo com a UFRN, o Andes será um espectrógrafo de alta resolução projetado para realizar estudos detalhados e precisos de objetos cósmicos individuais. O equipamento só deve começar a ser operado em 2030.
Além da busca por sinais de vida extraterrestre, esse espectrógrafo também deverá permitir aos astrônomos investigar a evolução das galáxias, identificar a assinatura das primeiras gerações de estrelas no Universo primordial e determinar se algumas das constantes fundamentais da Física, que regulam a maioria dos processos físicos no Universo, variam de fato com o tempo.
O consórcio para construção do Andes é constituído por universidades e laboratórios de 14 países, incluindo o Brasil, que participa do projeto sob a liderança da UFRN, contando também com a participação do Observatório Nacional (RJ) e do Instituto Mauá de Tecnologia (SP).
A participação da UFRN no consórcio Andes é responsabilidade do Núcleo de Astronomia Observacional e Instrumental do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE), do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET/UFRN), e do Laboratório de Automação, Controle e Instrumentação (LACI) do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE), do Centro de Tecnologia (CT/UFRN).
Telescópio ELT, onde será instalado o Andes, está localizado na montanha Cerro Armazones, no deserto chileno, e será o "maior olho do mundo" apontando para as estrelas
A equipe da UFRN que participa do projeto é composta pelos professores Izan de Castro Leão (DFTE/CCET) e Allan de Medeiros Martins (DEE/CT), membros do comitê de gestão, Bruno Leonardo Canto Martins (DFTE/CCET), membro do comitê executivo, e José Renan de Medeiros (DFTE/CCET), membro do comitê diretor do projeto.
A assinatura do acordo entre as instituições participantes do consórcio foi realizada pelo reitor José Daniel Diniz Melo no dia 15 de julho.
“A participação de pesquisadores da UFRN em um projeto de desenvolvimento científico e tecnológico dessa magnitude, em parceria com instituições do mais elevado prestígio internacional, demonstra o reconhecimento alcançado pela nossa universidade como instituição promotora de avanços das fronteiras do saber”, disse reitor da UFRN.
O projeto
O Andes foi iniciado em 2018 com a fase de definição dos objetivos científicos e das especificações técnicas do instrumento. Atualmente, o projeto está na fase de elaboração de documentação e definição da equipe científica, que será constituída por 120 pesquisadores de 15 países, incluindo professores da UFRN e do Observatório Nacional. Essa fase se estenderá até 2024. Posteriormente, até 2030, acontecerá a fase da construção, propriamente dita, do instrumento, que vai se estender até 2029.
“Em 2030 acontecerá a instalação, os testes e o início das operações do espectrômetro”, informou o professor Renan Medeiros.
De acordo com ele, a equipe da UFRN estará presente em todas as fases do desenvolvimento e construção do instrumento, participando da definição dos objetivos científicos, elaboração de documentação, construção de softwares e dos sistemas ópticos, instalação, realização dos testes e na operação inicial do instrumento.
“O acordo UFRN - Consórcio Andes durará até o início do funcionamento do instrumento, com a participação da Equipe da UFRN na exploração científica do tempo garantido de telescópio, que deve se estender até o ano de 2035”, complementa Renan.
O pró-reitor de Pós-graduação da UFRN, Rubens Maribondo, considera esse o mais importante projeto científico internacional da UFRN.
“Projeto que envolve inserção científica e tecnológica, com a participação integrada de pesquisadores da Física e da Engenharia, posicionando a UFRN em um patamar de referência científica internacional na área”, diz.
Para ele, os ganhos começam pela formação de recursos humanos por meio das teses desenvolvidas no âmbito do projeto e, em médio prazo, pelo fato de os alunos, no futuro, terem à disposição horas no telescópio.
“É uma ferramenta muito poderosa de observação, que qualificará e colocará a UFRN na linha de frente na descoberta de novos planetas”, observa o Pró-reitor.
Fonte: g1
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