A Polícia Federal concluiu o inquérito que apurava suposto tráfico de influência na conduta de Jair Renan Bolsonaro, filho "zero quatro" do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a corporação, não há indícios de ilegalidades.
A informação consta no relatório final enviado pela PF à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. No documento, os policiais afirmam que as provas colhidas durante a investigação não dão indícios mínimos de que Jair Renan tenha atuado para favorecer junto ao governo federal uma empresa de mineração que, depois, beneficiaria sua própria empresa.
Agora, o inquérito segue para a análise do Ministério Público Federal – que pode opinar pelo arquivamento da investigação ou pedir mais diligências.
Investigação
O inquérito foi aberto em março de 2021 e apura se Jair Renan agiu, em novembro de 2020, para que a empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para debater um projeto de construção de casas populares.
A suspeita era de que essa "facilitação" do contato da empresa com o governo configurasse tráfico de influência – quando alguém usa uma posição de poder para favorecer terceiros junto à administração.
Em troca, o filho "zero quatro" de Bolsonaro teria conseguido que os sócios da Gramazini aportassem recursos na sua firma, chamada "Bolsonaro Jr Eventos e Mídia".
A Polícia Federal também apurou o papel da mãe de Jair Renan e ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, na captação de recursos para a empresa do filho.
Jair Renan é o quarto dos cinco filhos do presidente (quatro homens e uma menina). No ano passado, causou repercussão no meio político a mudança de Jair Renan e da mãe para uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões em um bairro nobre da capital federal.
O filho "zero quatro" de Bolsonaro depôs à Polícia Federal sobre o tema em abril deste ano
Empresa de eventos
A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia foi criada no fim de 2020. A festa de inauguração da empresa, que teve cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal, contou com a participação de um dos sócios da Gramazini.
Além disso, um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, que dividia o escritório com ele, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a Gramazini – esses elementos foram revelados pelo jornal "O Globo".
Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas "Gramazini e grupo WK".
À época da abertura do inquérito, o Ministério do Desenvolvimento Regional disse que as reuniões tinham sido marcadas a pedido de Joel Fonseca, um assessor especial do presidente da República.
Jair Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários — um deles da Gramazini — em novembro do ano passado.
Em um dos encontros, o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da Presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.
Fonte: g1
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