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domingo, agosto 28, 2022

Pesquisador da UFRN participa de descoberta de exoplaneta coberto por água

Um pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) participa do grupo internacional de astrofísicos que anunciou, neste mês de agosto, a descoberta de um exoplaneta coberto de água e distante o suficiente de sua estrela para permitir supor a existência de vida nele.


Arte mostra exoplaneta chamado de 'Super-Terra' descoberto por pesquisadores — Foto: Benoit Gougeon, Université de Montréal


Localizado a 100 mil anos-luz da Terra, o TOI-1452b está sendo chamado de “super-Terra” ou “planeta-oceano” devido às suas características. As informações foram divulgadas à imprensa pela UFRN. São chamados exoplanetas aqueles que ficam fora do nosso sistema solar.


Para o astrônomo José-Dias do Nascimento, representante da UFRN no estudo que resultou no achado, descobertas como essas representam mais um passo no entendimento da diversidade cósmica e ensinam sobre quão raro podem ser os parâmetros vitais encontrados na Terra.



Líder do Grupo de Estrutura, Evolução Estelar e Exoplanetas (Ge3), do Departamento Física Teórica e Experimental (DFTE/UFRN), e pesquisador do Center for Astrophysics, de Harvard (EUA), Dias explica que o novo planeta encontrado tem 1,67 vez o raio da Terra e uma órbita de 11 dias em torno de uma estrela anã M.


A descoberta foi possível graças ao SPIRou, instrumento caçador de novos mundos que utiliza a luz no infravermelho do Telescópio Canadá – França – Havaí Telescope (CFHT), instalado no cume da montanha Maunakea, no Havaí (EUA).


O trabalho e as especificações desse corpo celeste foram publicados no centenário periódico The Astronomical Journal.


“O TOI-1452b é provavelmente um planeta rochoso como a Terra, mas seu raio, massa e densidade sugerem um mundo diferente do nosso”, disse José-Dias. De acordo com o astrônomo, a água pode representar 22% de sua massa, uma proporção semelhante à das luas de Júpiter – Ganimedes e Calisto – e das luas de Saturno – Titã e Encélado.



Por outras vezes chamado de “mundo da água”, o planeta é considerado um dos alvos principais para a caracterização atmosférica futura com o James Webb Space Telescope (JWST) e para análise através de espectroscopia de transmissão.


O sistema está localizado próximo de uma zona de observação contínua, o que significa que pode ser seguido em praticamente qualquer momento do ano. “O TOI-1452b é ainda um sistema único quando se estuda exoplanetas na transição entre super-Terras e mini-Netunos”, conta José-Dias.


O astrônomo da UFRN e seu time (Ge3), que estudam a evolução das estrelas, sua estrutura e exoplanetas, têm trabalhado na caça de planetas extra solares, entre outros temas, e possuem várias descobertas publicadas nos últimos anos. O novo achado soma-se aos anteriores, descobertos pelo grupo, como o TOI-257b (HD 19916) e o Saturno quente TOI 197b.


“Esta é uma descoberta importante para nosso grupo na UFRN, pois, em pouco menos de três anos, estamos anunciando o quarto exoplaneta com nossa participação. O anterior foi o TOI-257b, que é um exemplo do que chamamos de ‘sub-Saturnos’, planetas maiores que Netuno e menores que Saturno. Agora estamos revelando uma super-Terra. Esses astros são ausentes na arquitetura do nosso Sistema Solar, apesar de possíveis”, disse José-Dias.



As super-Terras

Uma super-Terra é um planeta extra-solar com uma massa maior do que a da Terra, mas substancialmente inferior à massa dos gigantes de gelo do Sistema Solar: Urano e Netuno. Podem ser feitos de gás, rocha ou uma combinação de ambos. Eles têm entre o dobro do tamanho do nosso astro e até 10 vezes a sua massa.


O termo "super-Terra" refere-se apenas à massa do planeta e, portanto, não implica nada sobre as condições de habitabilidade. Esses rochosos são abundantes em nossa Galáxia e são ainda os mais prováveis ​​de serem habitáveis. Para os pesquisadores, entender melhor sobre sua estrutura interior tem ajudado a prever, por exemplo, se diferentes planetas são capazes de gerar campos magnéticos – considerados fundamentais para a sobrevivência.


Fonte: g1

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