Os pais de um garoto britânico de 12 anos de idade com morte cerebral lançaram um último recurso ao Tribunal de Justiça Europeu nesta quarta-feira (3), após meses de batalhas judiciais, para evitar que o suporte de vida de seu filho seja interrompido.
Há suspeitas de que Archie Battersbee participava de um "desafio" entre jovens na internet - o "Ligature" - que consiste em "se estrangular" durante "o maior tempo possível". Ele foi encontrado inconsciente em sua casa, com uma corda em volta do pescoço.
Seus pais, Hollie Dance e Paul Battersbee, que recebem apoio de uma organização cristã, continuam determinados a manter seu filho vivo. Eles argumentam que querem lhe dar todas as chances de recuperação e que viram sinais de vida, seja em seus olhos, seja pela pressão de seus dedos.
Apesar dos sucessivos reveses no tribunal, eles estão multiplicando seus recursos perante todos os órgãos possíveis, obtendo diversos adiamentos nos últimos dias, apesar dos prazos estabelecidos pelos juízes.
Embora o final do tratamento estivesse marcado para o meio-dia desta quarta-feira (3), após uma nova decisão da Suprema Corte, algumas horas antes eles se dirigiram à Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) para impedi-lo.
"Esperamos e rezamos para que a CEDH olhe favoravelmente para o nosso pedido. Não desistiremos de Archie até o final", disse sua mãe, que regularmente vem dar notícias de seu filho e de sua luta na frente das câmeras amontoadas do lado de fora do Royal London Hospital, em Whitechapel, no leste de Londres.
"Um pedido de medida de emergência para suspender o fim dos cuidados foi recebido pelo tribunal esta manhã", confirmou o gabinete de imprensa da CEDH. "A decisão do tribunal deve ser proferida ainda hoje", acrescentou.
Este é um pedido feito a partir da regra 39 do tribunal, que ainda tem jurisdição no Reino Unido, apesar do Brexit, e que lhe permite ordenar "medidas provisórias" em que os requerentes enfrentam "um risco real de danos irreparáveis" para suas vidas.
'O pesadelo de todos os pais'
Archie foi encontrado inconsciente em sua casa no último 7 de abril e não recuperou a consciência desde então. De acordo com sua mãe, ele havia participado de um desafio de rede social para suspender a respiração até desmaiar. Antes do acidente, ele era um garoto esportivo, praticante de ginástica e artes marciais.
De acordo com seus pais, ver esportistas rezando antes das competições o tinha tornado mais religioso. Para sua família, essas convicções religiosas devem ser levadas em conta. Mas para a medicina, não há esperanças para seu caso, justificando a interrupção do tratamento. "Seu sistema, seus órgãos e seu coração estão se fechando", declarou nesta segunda-feira (1) o juiz Andrew McFarlane, do Tribunal de Apelação.
Os juízes da Suprema Corte que também acompanham o caso expressaram "grande simpatia" pelos pais de Archie, que estão vivenciando "o pesadelo de todos os pais - a perda de um filho muito amado". No entanto, eles afirmaram que caberia a eles fazer cumprir a lei.
Alistair Chesser, diretor médico do Barts Health NHS Trust, explicou que ele estava "tentando fornecer o melhor apoio possível a todos neste momento difícil".
"De acordo com as instruções do tribunal, trabalharemos com a família para nos prepararmos para o fim do tratamento, mas não faremos nenhuma mudança nos cuidados de Archie até que as questões legais pendentes sejam resolvidas", acrescentou ele nesta quarta-feira.
Hollie Dance relatou à mídia que foi contatada por médicos em diversos países, incluindo Japão e Itália, que dizem que podem ajudar Archie a se recuperar. Ela declarou que está considerando opções para tirá-lo do país.
Fonte: RFI
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