O número de candidatos policiais e de outras forças de segurança aumentou 27% nesta eleição quando comparado com os dados de 2018.
Levantamento feito pelo g1 com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que mais de 1,7 mil candidatos vinculados às policias militar, civil, bombeiros e membros das Forças Armadas apresentaram registro no TSE. Quatro anos atrás, esse total foi de pouco mais de 1,3 mil.
O maior crescimento foi observado no total de candidatos que declararam trabalhar como policiais militares. Em 2018, foram 601, e agora são 817, aumento 36%.
Para identificar os candidatos, o g1 considerou a informação fornecida pelos candidatos sobre a sua ocupação e a identificação do nome de urna. Esse critério também é adotado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em seus levantamentos. O grupo dos candidatos que utilizam nomes de patentes ou cargos nas forças de segurança, mas que registraram outras ocupações, apresentou aumento de 78%.
Partidos com mais candidatos
O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, é o que tem o maior número de candidatos das forças de segurança. O PSTU tem o menor número.
Entre os estados, o RJ lidera em número de candidatos das forças de segurança. Tocantins é o que tem menos.
Discurso do presidente
Na avaliação do presidente do Fórum de Segurança, Renato Sérgio de Lima, o crescimento das candidaturas de policiais vem ocorrendo antes mesmo de 2018, porque há no meio policial uma percepção de que é necessário fazer mudanças na legislação da área de segurança. Lima, porém, considera que o presidente Bolsonaro potencializou esse crescimento, mas deixou de fazer reformas na área de segurança.
"Até certo ponto, Bolsonaro estimulou o discurso de autonomia das forças policiais, no sentido de que eles deveriam correr atrás dos seus direitos. Bolsonaro se colocou como porta-voz da categoria e isso certamente potencializou o interesse dos policiais pela carreira política. É importante observar, por outro lado, que o governo Bolsonaro não fez qualquer reforma na legislação da área da segurança. A política nessa área foi muito concentrada na discussão sobre as armas para combater o medo e a apreensão de drogas", observa Lima.
O aumento do número de candidatos vinculados às forças de segurança chama atenção porque apresenta, até o momento, uma variação superior ao total de candidaturas desta eleição. Os dados ainda passam por atualizações do TSE, mas, por enquanto, o total de candidaturas deverá ficar próximo de 29 mil registrados em 2018. O total de candidatos das forças de segurança também poderá aumentar com as atualizações do TSE ao longo da semana.
Para Renato Sérgio, o maior aumento do número de candidaturas de policiais pode ter efeito contrário, com menos chances de eleição desses candidatos. O presidente do Fórum de Segurança argumenta que os policiais tendem a disputar votos no mesmo segmento da sociedade, o que amplia a competição pelo mesmo voto.
"Tem um risco nesse processo e o deputado Capitão Augusto (PL-SP), chamou atenção para isso, ou seja, do aumento da competição entre os próprios candidatos policiais. Acredito que isso possa acontecer porque não vivemos o mesmo cenário de 2018, quando houve aquela onda com a eleição de Bolsonaro", afirma Lima.
A distribuição por partidos indica que o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, apresentou o maior número de candidaturas vinculadas às forças de segurança (208), seguido pelo PTB (131) e Republicanos (125), que faz parte da coligação de Bolsonaro. O PP, outra legenda que também apoia do presidente na campanha pela reeleição, é o sexto partido com o maior número de candidatos das forças de segurança (93).
Por estados, o Rio de Janeiro é aquele com o maior número de candidatos das forças de segurança (241), seguido de São Paulo (224) e Minas Gerais (116). Essa distribuição, porém, segue o total das candidaturas pelos estados, com a Região Sudeste quase sempre na liderança.
Fonte: g1
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