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segunda-feira, agosto 08, 2022

Na Febraban, Bolsonaro ataca Lula, mas não repete críticas a banqueiros



Em reunião nesta segunda-feira (08) na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o presidente Jair Bolsonaro fez duros ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não vai assinar “cartinhas”, mas não repetiu as críticas ácidas a banqueiros, que recentemente foram chamados de “sem caráter” e “cara de pau” por terem assinado o manifesto da Fiesp em defesa da democracia.


A carta da Fiesp foi divulgada no último dia 4 e é intitulada "Em Defesa da Democracia e da Justiça”. O documento defende que "a estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios".


Dias antes, a Faculdade de Direito da USP também divulgou uma carta em defesa da democracia e do processo eleitoral, intitulada "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!".


Recentemente, Bolsonaro e seus ministros atacaram duramente a Febraban, que assinou a carta da Fiesp, e banqueiros, que assinaram como pessoa física o manifesto da USP, dizendo que eles estavam irritados com o governo porque o PIX deu prejuízo para o setor financeiro. Os dados dos balanços dos bancos, porém, não mostram isso.


Segundo banqueiros presentes, apesar dos ataques duros à esquerda e críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF), num tom eleitoral, Bolsonaro desta vez buscou distensionar o clima com o setor financeiro. No almoço, por exemplo, o presidente não repetiu que os banqueiros decidiram assinar cartas em defesa da democracia como vingança pelo lançamento do PIX.


A ida de Bolsonaro à Febraban foi articulada por assessores políticos e econômicos do governo Bolsonaro, preocupados com o isolamento do presidente da República em relação ao setor privado. A entidade foi procurada por esses assessores. Como ela iria fazer o encontro com presidenciáveis, decidiu agendar o almoço com Bolsonaro para esta segunda-feira (8), atendendo a solicitação da equipe presidencial.


O presidente também usou um tom leve para falar de juros, evitando também entrar em atrito com os banqueiros presentes ao encontro.


Consignado do Auxílio Brasil

Ministros chegaram a dizer que o presidente iria pedir para os bancos cobrarem juros baixos no empréstimo consignado de famílias do Auxílio Brasil, mas ele acabou não citando o programa durante sua fala, mas apenas o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência.


“Faço apelo para vocês agora, vai entrar o pessoal do BPC no consignado. Isso é garantia, desconto em folha. Se puderem reduzir [os juros] o máximo possível”, disse o presidente rapidamente.


A fala de Bolsonaro focou mais na disputa eleitoral e nas críticas à esquerda. O presidente voltou a dizer que, se Lula ganhar a eleição, o país corre o risco de rumar para o comunismo e entrar em crise como países dirigidos pela esquerda na América Latina, citando Argentina, Venezuela e Cuba.



Grandes bancos já decidiram que não vão oferecer crédito consignado para famílias do Auxílio Brasil porque é um segmento vulnerável da população. Segundo as instituições financeiras, há um risco de estímulo ao endividamento de famílias que precisam dos recursos para se alimentar.


Antes de Bolsonaro, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, fez questão de destacar que o sistema financeiro não é a favor de juros altos. Depois de destacar a importância do sistema financeiro para o crescimento do país, o dirigente da entidade disse que gostaria de tocar num assunto com “muita serenidade, juros bancários”.


“Há uma visão equivocada de que os bancos gostam de juros altos porque lucram mais com juros elevados. O que os bancos querem – e desejam – é a economia saudável, com inflação baixa e estável, que permita juros mais baratos, pois só assim o crédito será amplo e acessível a um número cada vez maior de famílias e empresas”, afirmou.


Logo depois, Bolsonaro apontou os motivos de o Brasil ter juros altos, depois de registrar um período com taxas baixas recentemente.


“A questão não é se os juros bancários são altos, mas porque chegaram a esses patamares”, acrescentando que “o Brasil é o país que menos recupera garantias de crédito no mundo, e o que mais tempo demora para recuperar uma garantia” e que o “crédito no Brasil é muito tributado e o consumidor paga por isso”.


O presidente finalizou dizendo que “as taxas de juros precisam realmente ser mais baixas, mas isso não depende apenas da vontade dos bancos”.


Fonte: Blog do Valdo Cruz

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