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quinta-feira, agosto 18, 2022

Ministério Público denuncia médico suspeito de manter paciente em cárcere privado por tentativa de homicídio

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 3ª Promotoria de Investigação Penal de Duque de Caxias, denunciou o médico Bolívar Guerrero Silva nesta quinta-feira (18) por tentativa de homicídio por motivo torpe no caso em que ele manteve a paciente Daiana Cavalcanti em cárcere privado no Hospital Santa Branca.


"Entreguei a denúncia na 4ª Vara Criminal de Caxias por tentativa de homicídio por motivo torpe pelo que ele fez com a Daiana, mas estou pedindo que os inquéritos que estão na Deam, e que já são mais de 40, sejam entregues aqui na promotoria para que a gente possa dar continuidade nos casos", disse ao g1 a promotora Cláudia Portocarrero, que está à frente do caso.



A promotora pediu também a prisão preventiva de Guerrero, que está em prisão temporária, e cujo prazo expira no sábado (20).


"Acredito que o juiz deve apreciar o pedido na sexta-feira (19) e mudar a prisão dele para preventiva, que é quando não tem prazo para expirar", disse.


Bolívar Guerrero Silva: cirurgião plástico acusado de cárcere privado — Foto: Reprodução/Redes sociais


Casos impressionaram a promotora

Cláudia Portocarrero contou ainda que se impressionou com o número de denúncias contra Bolívar Guerrero quando o caso de Daiana veio à tona, e também com os processos que ele já tem.


"Ele não tem nenhum respeito pela vida humana. Usa a medicina única e simplesmente para ganhar dinheiro. Além dos registros, que já existem contra ele, há denúncias de que ele teria sido responsável por mortes. São casos de chocar. Queremos ir a fundo nessas investigações para que ele não saia impune. Aliás, ele mesmo dizia para as pacientes que não adiantava denunciar, que nada aconteceria com ele. Vamos mostrar que acontece, sim. Que tem Justiça", diz.


Cláudia Portocarrero: promotora de Justiça do caso Bolívar — Foto: Reprodução


Médico cobrava duas vezes

A promotora lembra que, entre as coisas absurdas que tomou conhecimento ao longo da investigação, está o fato de Bolívar Guerrero cobrar pelas cirurgias reparadoras dos erros que ele mesmo cometia.


"Dá para imaginar que ele cobrava duas vezes? Para operar a pessoa e para consertar o erro que ele mesmo cometeu. Foi assim com a Daiana Cavalcanti, que teve problema no seio, na primeira operação e, quando voltou nele, ele 'empurrou' uma mamoplastia", diz Cláudia.


'Medicina era apenas um negócio'

Em outro caso, ao atender uma paciente, a promotora conta que Bolívar removeu um nódulo do seio de uma paciente, mas não mandou o material para a biopsia, para a investigação. O nódulo era um câncer, que evoluiu e a mulher perdeu a mama.


"Ele agia fazendo o que quisesse, como se fosse completamente imune, acreditando na ineficiência do Estado. Nunca teve nenhum comprometimento, e a medicina para ele era apenas um negócio", diz.


Paciente vítima de suposto cárcere segue internada

A paciente Daiana Cavalcanti Chaves, que acusou o médico Bolívar Guerrero e o Hospital Santa Branca de cárcere privado, segue internada no Hospital Federal de Bonsucesso.


Ela se submeteu a quatro procedimentos para remoção de tecido necrosado da barriga e dos seios, e passou por uma mamoplastia para recostruir a mama.


Relembre o caso

Bolivar foi preso em 18 de julho, quando estava dentro do centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, clínica da qual ele é sócio. O cirurgião foi acusado de manter Daiana Cavalcanti, de 36 anos, em cárcere privado na unidade de saúde.


A polícia apontou que a mulher estava em estado grave, com várias complicações após ter feito uma cirurgia plástica.


Daiana tentou ser transferida de hospital, mas segundo ela e testemunhas o cirurgião dificultou a transferência. Ela estava internada no Santa Branca desde junho deste ano.


Alguns dias após a prisão, Daiana conseguiu ser transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso, onde se recupera.


Após a prisão, vários outros ex-pacientes de Bolívar denunciaram à imprensa problemas que tiveram com o médico. Alguns disseram que foram operados por uma técnica de enfermagem que atuava com o equatoriano.


Quase 20 processos e 1 prisão

Bolívar Guerrero Silva, segundo levantamento feito pelo g1, responde a pelo menos 19 processos na Justiça. Além das ações judiciais, Bolívar já foi preso, em 2010, na Operação Beleza Pura da Polícia Civil, que terminou com a detenção de oito médicos, entre eles o cirurgião equatoriano.


Na ocasião, ele foi acusado de aplicar um medicamento para preenchimento facial sem registro na Anvisa, além de usar outros produtos falsificados. Segundo as investigações, o produto falso era fabricado em Goiás e distribuído em clínicas de estética no Rio.


Fonte: g1

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