A família de um paciente foi vítima de um golpe financeiro após vazamento de informações pessoais do Hospital Santa Catarina (Dr. José Pedro Bezerra), na zona Norte de Natal. De acordo com parentes do paciente José Humberto Dutra, de 75 anos, criminosos se passaram por um médico da unidade e cobraram a quantia de R$ 1,5 mil para a realização de um exame e posterior internação em um leito de terapia intensiva. O golpe foi feito por telefone e WhatsApp e envolveu o contador Aluizio Henrique Dutra, irmão mais novo de José Humberto. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou que há registros do mesmo golpe na rede privada.
O caso aconteceu há uma semana e foi registrado em boletim de ocorrência na Polícia Civil, que deverá abrir investigação. À TRIBUNA DO NORTE, a Sesap disse que está à disposição para contribuir com as investigações. A vítima, Aluizio Dutra, disse que o nível do detalhamento do quadro do irmão o fez cair no golpe. “Eu me considero uma pessoa esclarecida e mesmo assim caí, tamanha a perfeição do golpe. No dia anterior ao telefonema eu estive no horário de visita ao meu irmão e fomos, como sempre, muito bem tratados, muito bem relatados sobre o quadro dele”, conta.
“Dentro desse quadro havia a necessidade de uma cirurgia para uma possível amputação e o médico de verdade, dr. Tarcísio, muito atencioso, disse a mim, que não tinha feito o procedimento porque havia a necessidade de acompanhar o estado de melhora dele. Ele terá que fazer ainda uma tomografia do cérebro porque ele pode ter tido um AVC”, relata. No dia seguinte, Elza Dutra, irmã do paciente, recebeu ligação telefônica do suposto médico Marcelo Gomes. O golpista disse que o tratamento de José Humberto não avançaria na rede pública e sugeriu procurar uma clínica particular.
Na ligação, o falso médico repetiu todo o quadro clínico do paciente, que havia sido repassado pessoalmente para a família no dia anterior, pelo médico real. Inicialmente o golpista pediu a transferência por Pix de R$ 1,5 mil, que prontamente foi feita por Aluizio. Em seguida, ele pediu mais R$ 1,2 mil para supostamente comprar o contraste que seria utilizado no exame. Foi quando Aluizio desconfiou, entrou em contato com a irmã e com o Hospital Santa Catarina e descobriu que havia sofrido um golpe. Ele conta que a fragilidade emocional e o desespero para conseguir o tratamento do irmão foram determinantes para a consumação do crime.
“A pessoa que ligou disse o quadro todo do meu irmão, com tudo batendo. Era bem eloquente, falava sem erros de português, parecia dono de clínica. Ele tinha todas as informações. Foi uma decisão tomada no desespero, você imagine a fragilidade de toda a família num momento desses. Imagine também se você não faz e depois a situação piora e você fica se sentindo o responsável? É muito complicado. Os criminosos foram de uma esperteza muito grande”, comenta.
Aluizio falou com o filho advogado e após uma apuração inicial, os dois descobriram que o CPF para o qual a transação Pix foi feita pertence a um detento do sistema prisional potiguar. A família ainda não decidiu se vai judicializar o caso contra o hospital, para evitar que novas pessoas caiam na mesma prática criminosa, mas Aluizio ressalta a atenção dos profissionais do Santa Catarina e diz que o irmão segue sendo bem assistido pelas equipes médicas.
“Não quero aqui esculhambar o hospital, generalizar, até porque nós fomos muito bem atendidos. A gente espera que isso seja investigado, não pelos R$ 1,5 mil, mas pela bandidagem que acontece dentro do hospital, onde uma pessoa de má-fé tem acesso aos prontuários internos com as informações do paciente. É esse elo entre a pessoa que pegou os dados e repassou para o falso médico que precisa ser apurado. Isso é preciso para que novas pessoas fragilizadas não caiam nisso”, pontua o contador Aluizio.
A vítima do golpe acredita que um funcionário do quadro do próprio hospital possa ter vazado as informações do irmão, suspeita para qual ainda não há comprovação da Polícia. “Não estou dizendo que o hospital está cheio de bandidos, o que eu estou denunciando é que há uma falha de segurança na administração pública de permitir que isso aconteça. Isso é responsabilidade do hospital. Reforço novamente que tivemos e estamos tendo um ótimo atendimento. Toda vez que vou ao hospital agradeço a Deus e aos profissionais sérios da saúde. Quero agradecer o cuidado e zelo do quadro clínico do Santa Catarina”, completa.
José Humberto Dutra, 75, segue internado no Hospital Santa Catarina e seu estado é considerado grave. Ele é paciente renal e precisou ser intubado na semana passada e foi submetido a uma traqueostomia após uma parada cardíaca. O idoso está sedado, com suspeita de acidente vascular cerebral e ainda corre o risco de amputar parte do pé por causa de uma dificuldade na circulação do sangue.
Fonte: Tribuna do Norte
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