A ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle faltou, pela segunda vez, a um depoimento à Polícia Federal. A oitiva estava marcada para a última sexta-feira (5), mas Ana Cristina não apareceu e nem apresentou justificativa, segundo apurou a TV Globo.
A ex-mulher de Bolsonaro foi intimada a depor no inquérito que investiga se o filho deles, Jair Renan Bolsonaro, conhecido como o filho "zero quatro", cometeu o crime de tráfico de influência.
O depoimento foi marcado inicialmente para julho, mas Ana Cristina não apareceu. A PF, então, remarcou o compromisso para a última sexta.
A TV Globo apurou que a PF estuda marcar uma terceira data para ouvir Ana Cristina.
Jair Renan depôs à Polícia Federal em abril no mesmo inquérito
Investigação
O inquérito investiga se Jair Renan atuou, em novembro de 2020, para que a empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para falar sobre um projeto de construção de casas populares.
A PF apura se a conduta configurou tráfico de influência (quando alguém usa uma posição de poder para favorecer terceiros junto à administração).
A suspeita é que o dono da Gramazini tenha financiado a empresa de Jair Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. A PF também quer saber qual é o papel de Ana Cristina na captação de recursos para a empresa do filho.
Jair Renan é o quarto dos cinco filhos do presidente (quatro homens e uma menina). O empresário é filho de Bolsonaro com Ana Cristina Valle. No ano passado, causou repercussão no meio político a mudança de Jair Renan e da mãe para uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões em um bairro nobre da capital federal.
Empresa de eventos
A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia foi criada no fim de 2020. A festa de inauguração da empresa, que teve cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal, contou com a participação de um dos sócios da Gramazini.
Além disso, um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, que dividia o escritório com ele, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a Gramazini, como revelou o jornal "O Globo".
Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas "Gramazine e grupo WK".
À época da abertura do inquérito, o Ministério do Desenvolvimento Regional disse que as reuniões foram marcadas a pedido de Joel Fonseca, um assessor especial do presidente da República.
Jair Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários — um deles da Gramazini — em novembro do ano passado.
Em um dos encontros, o então do Desenvolvimento ministro Rogério Marinho estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da Presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.
Fonte: g1
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