Embora autorizadas por um tribunal, as buscas do FBI na casa do ex-presidente Donald Trump, no resort Mar-a-Lago, na Flórida, deram aos republicanos um novo fôlego a três meses das eleições que podem mudar a composição do Congresso americano.
E, mais ainda, ao próprio Trump, que se apressou a atribuir os motivos da revista e da apreensão de documentos a um ataque deliberado da própria agência e de democratas radicais para pôr fim às suas chances de disputar a Casa Branca em 2024.
As manobras que o ex-presidente utiliza para se vitimizar são bem conhecidas. Ele se valeu delas nos dois processos de impeachment, nas falsas alegações de que a derrota na eleição passada foi produto de uma fraude e na incitação de uma multidão de partidários para que invadissem a sede do Capitólio e protestassem contra a certificação de Joe Biden como presidente dos EUA.
Imediatamente após Trump anunciar, nesta segunda-feira, que sua residência da Flórida estava sendo invadida e sitiada, e o cofre aberto, por agentes do FBI, seus apoiadores rumaram para lá. Políticos republicanos também acionaram os megafones, nas redes sociais, para atribuir as buscas à politização das eleições legislativas.
Congressistas leais ao ex-presidentes compararam os Estados Unidos a uma república das bananas e acusaram o FBI de utilizar os métodos de ditaduras marxistas. O líder da minoria, Kevin McCarthy, que se cacifa a ser o próximo presidente da Câmara dos Representantes, prometeu investigar o procurador-geral Merrick Garland, caso os republicanos conquistem, em novembro, o controle da Casa.
É bastante raro uma operação ter como alvo um ex-presidente. Porém, ela está relacionada a uma das numerosas investigações que o ex-presidente enfrenta. Há duas atualmente em andamento no Departamento de Justiça.
A que provoca barulho no momento refere-se ao suposto manuseio incorreto de documentos confidenciais, que Trump teria levado consigo ao deixar o cargo, em vez de enviá-los aos Arquivos Nacionais: equivaleria a uma violação da Lei de Registros Presidenciais. Pelo menos 15 caixas de documentos da Casa Branca foram recuperadas anteriormente em Mar-a-Lago.
Em última análise, se for provado que o ex-presidente manipulou memorandos, e-mails ou comunicações secretos, após um complexo processo judicial, ele poderia tornar-se inelegível. Mas, no momento, o que está em jogo é como este mandado de busca pode ser alimentado para energizar a campanha republicana e unir novamente em torno de Trump. A contar pelo tom indignado das primeiras reações, o movimento já começou.
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!