O encontro entre Jair Bolsonaro (PL) e o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, na quarta-feira (10), começou a ser costurado há um mês pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e por lideranças do Centrão – que comandam a campanha à reeleição.
Bolsonaro deu o aval para a costura quando esses interlocutores lhe disseram que, se não parasse de atacar as urnas eletrônicas, corria risco de "perder a eleição para ele mesmo" -- e corria riscos no primeiro turno.
A ideia dos interlocutores era aproveitar a troca de comando no TSE para fazer a aproximação – Moraes assume o posto, hoje ocupado por Edson Fachin, em 16 de agosto. E a oportunidade mais próxima para o encontro era a entrega do convite para a posse do futuro presidente do TSE -- e que é comum fazer ao presidente da República.
Mas, por conta do histórico de ataques de Bolsonaro ao TSE, esses emissários do governo não tinham certeza se haveria clima para o encontro protocolar.
Para evitar um recuo do presidente, os articuladores envolveram várias testemunhas nas negociações. Além de Guedes, participaram os ministros Ciro Nogueira (Casa civil), Fábio Faria (Comunicações) e Jorge Oliveira (indicado por Bolsonaro para o Tribunal de Contas da União).
No encontro de cerca de uma hora, Bolsonaro fez um aceno a Moraes: presentou o futuro presidente do TSE com uma camisa do Corinthians e o convidou para assistirem ao jogo contra o Palmeiras, no sábado (13).
Moraes, em tom de brincadeira, disse não ser possível pois a legislação de São Paulo determina torcida única em clássicos paulistas. Bolsonaro é Palmeirense.
'Cachimbo da paz'
O QG da reeleição trata o encontro como o ato de "fumar cachimbo da paz". O prognóstico é que, se o presidente deixar de estimular ataques às urnas nem instrumentalizar o 7 de Setembro nesse sentido, o presidente "não corre perigo de não chegar na frente no primeiro turno", segundo fonte ouvida pelo blog.
O que não é nada certo: se de um lado o presidente se encontrava com Alexandre de Moraes, de outro, outros interlocutores do Planalto se encontram com o hacker que invadiu contas de procuradores da Lava Jato -- no caso que ficou conhecido como "Vaza Jato".
Fato é que Bolsonaro, diante do risco eleitoral, morde e assopra: deixa políticos trabalharem para salvar seu mandato mas não deixa de acenar para a ala mais radical de apoio -- atacando urnas e usando políticos que eram militares, como o ministro da Defesa, Paulo Sergio -- para executar operações com cunho golpista.
Fonte: Blog da Andréia Sadi
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