A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil (DHPP) realizou uma coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (20) para esclarecer os detalhes da Operação Aqueronte. Os detidos devem responder por triplo homicídio, além de três tentativas de homicídio. A ação foi classificada como uma atividade típica de grupo de extermínio, segundo os delegados da Divisão. Para a DHPP, os motivos podem estar relacionados à extorsão praticada por grupos de extermínio ou disputa pelo tráfico de drogas.
Os dois presos temporariamente são o policial militar reformado Wendel Fagner Cortez de Almeida, conhecido como Lagartixa, e o sargento Francisco Rogério da Cruz, comandante da viatura da Força Tática do 4º Batalhão. Outro ex-militar segue foragido: João Maria da Costa Peixoto, conhecido como João Grandão. Ele está com mandado de prisão em aberto e não foi localizado até o momento pela Polícia. Um outro envolvido ainda não foi identificado pela DHPP. Segundo as investigações, esse envolvido seria o motorista que participou da ação.
“O João Maria da Costa Peixoto é considerado foragido. Depois de buscar alguns endereços dele, ele não foi encontrado. Há uma suposição que ele pretende se apresentar, mas até o momento não”, afirmou o diretor da DHPP, Márcio Lemos. A prisão temporária dos acusados é de 30 dias e pode ser renovada.
Os mandados de prisão atual se referem a um crime ocorrido no dia 29 de abril deste ano, no bairro da Redinha, na capital potiguar. As mortes ocorreram na rua Rio Salgado, onde seria inaugurado um bar. Os criminosos teriam chegado ao local em um carro e, após se identificarem como policiais, atiraram contra pessoas que estavam na calçada do bar. O proprietário do bar foi morto na calçada. As outras duas pessoas foram perseguidas e mortas em outro local. Três sobreviveram. Os mortos foram identificados como Yago Lucena Ferreira, Rommenigge Camilo dos Santos e Felipe Antoniere Araújo.
De acordo com Márcio Lemos, diretor da DHPP, os dois presos na Operação e o foragido participaram diretamente dos homicídios. “A prisão se destinava aos executores do fato, que estavam no local. Desembarcaram três e um motorista ficou no carro”, afirmou. Agora, segundo Lemos, as investigações continuam para tentar identificar o motorista, que permaneceu no carro durante a ação. “Nós temos fortes elementos que apontam para uma quarta pessoa, mas ainda vamos robustecer para eventualmente solicitar a prisão”, disse o delegado Cláudio Henrique.
O que chamou a atenção dos investigadores é que o sargento Francisco Rogério da Cruz estava em serviço no dia do crime, e teria passado no local dos homicídios pouco antes, dentro da viatura. Depois, teria ido até a casa de Wendel Lagartixa. Lá, os acusados trocaram de roupa e puseram casacos e capuzes para não serem identificados.
“Momentos antes do crime, a própria viatura faz o levantamento. Passa no local minutos antes, então eles se reúnem supostamente numa residência próxima do Wendel para fazer a troca das roupas depois do levantamento e vão à execução”, afirmou o diretor da DHPP.
Segundo o delegado, há fortes indícios que apontam que os acusados participam de um grupo de extermínio, mas o foco da operação foi somente o caso envolvendo o triplo homicídio na Redinha. Se os elementos da investigação apontarem para outros crimes — como extorsão e contrabando de drogas — classificado pelos agentes como indícios de grupo de extermínio, a investigação destes pontos será de responsabilidade da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR).
A DHPP também não apontou quem seria a liderança do bando, mas reafirmou que os três principais envolvidos estavam na execução. “Não dá para dizer no momento quem é o líder do grupo. Nós não estamos investigando o grupo. Estamos investigando esses homicídios”, segundo Henrique.
Wendel Fagner Cortez de Almeida, conhecido como Wendel Lagartixa, já havia sido preso pela operação Hecatombe, da Polícia Federal, em 2013, acusado de parte de um grupo de extermínio. Em maio de 2015, ele foi solto porque a Justiça entendeu que o prazo da prisão preventiva estava extrapolado. O PM reformado havia sido apontado como um dos líderes da organização criminosa à época. Ele também esteve envolvido em outras operações, como a Fronteira da Polícia Civil.
João Maria da Costa Peixoto foi apontado pelo Ministério Público como líder de um suposto grupo de extermínio. Na época, o ex-militar e outros 14 policiais foram presos suspeitos de terem executado pelo menos 26 pessoas na Região Metropolitana de Natal.
Fonte: Tribuna do Norte
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