Investigações anteriores sobre denúncias de assédio na Caixa Econômica mostram que, pelo menos desde 2020, o Ministério Público do Trabalho (MPT) cobra do banco apurações independentes sobre as denúncias.
Em uma investigação sobre assédio em 2020, a que a GloboNews teve acesso, o MPT apontou que o banco estava ouvindo apenas funcionários próximos ao investigado e gestores. O MPT disse que a Caixa deveria ouvir pessoas de outros círculos dentro do banco e também contratar empresas externas para fazer as apurações.
Os mecanismos internos da Caixa para lidar com denúncias de assédio têm sido alvo de críticas nas últimas semanas, após a queda do ex-presidente Pedro Guimarães. Diversas funcionárias relataram ao Ministério Público e à imprensa que sofreram assédio sexual e moral de Guimarães e que os casos eram acobertados dentro do banco.
Nesta terça-feira (19), em um desdobramento da crise que levou à saída de Guimarães, a Caixa decidiu desvincular a corregedoria da presidência. A medida, segundo a Caixa, visa "reforçar a autonomia e isonomia da atuação da corregedoria".
Cobranças antigas
Ainda em fevereiro de 2020, em uma investigação de assédio moral contra o ex-corregedor Cláudio Gonçalves Marques, o MPT apontou que havia indícios de interferência nas apurações internas do banco.
“Foram ouvidos apenas funcionários próximos ao corregedor e ocupantes de cargos de gestão, em que se exige maior fidúcia, havendo necessidade de oitiva de empregados que trabalharam de forma subordinada ao sr. Cláudio Gonçalves Marques e hoje estão lotados em outros setores, mesmo que não sejam mais empregados da empresa pública, considerando a presunção de que estas pessoas não mais se sujeitam ao natural temor reverencial", afirmou o MPT no inquérito.
O Ministério Público acrescentou que essas medidas deveriam ser adotadas também em "todas as denúncias de assédio apresentadas à Caixa Econômica Federal, garantindo-se, assim, a efetiva busca da verdade real em suas investigações”.
Dois meses depois, em abril daquele ano, o MPT mandou a Caixa reabrir a apuração interna com base nas recomendações de ouvir outros funcionários e ex-empregados.
No dia 30 de julho de 2020, o procurador Paulo Neto determinou que “a denúncia apresentada contra o corregedor seja apurada por pessoas externas à Caixa Econômica, como escritórios de advocacia especializados neste tipo de serviço, com o intuito de elidir qualquer dúvida sobre a ausência de influência do investigado no processo de apuração".
Após as medidas tomadas pela Caixa nesse caso específico, o procurador Paulo Neto alertou que as recomendações sobre mudanças na apuração de denúncias deveriam continuar sendo aplicadas em denúncias futuras.
Fonte: g1
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