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quarta-feira, junho 08, 2022

'Não temos noção do que tenha acontecido', diz ministro da Defesa sobre desaparecidos na Amazônia

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comentou, nesta quarta-feira (8), sobre o caso do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillis e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia. Ao ser questionado, Nogueira disse: "não temos noção do que tenha acontecido".


Montagem com fotos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips — Foto: TV Globo/Reprodução


"Estamos falando de um local que não chega nem avião, não tem nem pista de pouso", disse o ministro.

O jornalista e o indigenista desapareceram no domingo (5), durante uma viagem por terras indígenas na Amazônia. O caso é investigado pela Polícia Federal (PF) e instituições como Marinha e Exército fazem buscas na região (veja mais abaixo).


De acordo com o ministro, a região em que as vítimas desapareceram é "uma área crítica, muito sensível e que tem muito problema". Nogueira falou sobre o caso em uma audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados.


"A gente torce e reza para que sejam encontrados com vida, são e salvo", disse.

O ministro negou ainda que a operação de resgate tenha demorado para acontecer. De acordo com ele, após saber da notícia, "imediatamente" foi iniciado o planejamento das buscas.



"Não houve retardo. Considerando a distância, o tamanho da nossa Amazônia e a geografia da floresta e dos rios, pode parecer que houve algum retardo", afirmou.


A área onde a dupla desapareceu é considerada perigosa. O assessor jurídico da União dos Povos Indígenas do Parque do Javari (Univaja), Yura Marubo, disse ainda que há uma organização que atua na região com tráfico de drogas e desmatamento ilegal.


Além disso, segundo a Unijava, Pereira recebia constante ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.


Buscas


Exército faz buscas em área onde indigenista e jornalista desapareceram na Amazônia — Foto: Exército/Reprodução


As buscas ao indigenista e ao jornalista reúnem uma força-tarefa. O Exército atua desde a tarde de segunda-feira (6), na região do Vale do Javari, com combatentes de selva da 16º Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Tefé (AM).



A equipe conta com, aproximadamente, 150 militares especialistas em operações em ambiente de selva, que conhecem o terreno onde acontecem as buscas. Além disso, o Exército conta com o apoio de um helicóptero para ajudar no transporte da equipe e de agentes da Polícia Federal, que investiga o caso.


A Marinha participa das buscas com o Comando de Operações Navais, com helicópteros, motos aquáticas e embarcações, mas não informou quantas pessoas estão na missão.


A Funai informou, nesta terça-feira (7), que também atua na operação com 15 servidores da fundação e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), sob a coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.


Desaparecimento


Povos indígenas vivem no Vale do Javari, no Amazonas. — Foto: Reprodução/Univaja


De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips desapareceram no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Os dois iam visitar uma equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima ao Lago do Jaburu.


Segundo a entidade, o jornalista ia realizar entrevistas com os indígenas. Eles chegaram ao local na noite da sexta-feira (3). Na manhã do domingo (5), os dois retornaram à cidade de Atalaia do Norte. No caminho, pararam na comunidade São Rafael, afirma a Univaja.


No local, o indigenista pretendia fazer uma reunião com o líder comunitário apelidado de "Churrasco". Os dois iam "consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões", afirma a entidade na petição enviada à Justiça do Amazonas.


Mapa mostra onde jornalista e indigenista desapareceram na Amazônia — Foto: Arte/g1


Informações trocadas por dispositivos de comunicação satelital apontam que o indigenista e o jornalista chegaram em São Rafael por volta das 6h de domingo, onde conversaram com a esposa do líder comunitário. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.


Eles viajavam com uma embarcação nova, de 40 cavalos, e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem. Duas equipes de buscas da Univaja percorreram o trajeto que os dois desaparecidos deveriam fazer, mas nenhum vestígio foi encontrado.


Ainda de acordo com a Univaja, a equipe técnica da instituição vem sofrendo ameaças, sem especificar quais e como.


Investigação


Nesta quarta-feira, Amarildo da Costa de Oliveira, de alcunha "Pelado", suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, foi preso pela Polícia Militar, no Amazonas, por posse de munição de uso restrito e permitido.


No entanto, ele nega envolvimento no caso, segundo o delegado titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), Alex Perez.


"A única situação que ele acompanhou foi quando a embarcação que Bruno e Dom Philips estavam conduzindo passou em frente a sua comunidade. [Ele fez] contato visual apenas", afirma o investigador.

A polícia fez buscas na residência de Amarildo em função de denúncias anônimas. De acordo com Perez, a Polícia Civil do Amazonas instaurou um inquérito policial para investigar o caso.


Até a noite dessa terça-feira (7), seis pessoas foram ouvidas pelas autoridades policiais, sendo cinco como testemunhas e uma na condição de suspeito.


A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) ainda não divulgou os nomes das pessoas ouvidas. Fontes em Atalaia do Norte, cidade onde os dois desapareceram, afirmam que o suspeito ouvido pela polícia é Amarildo.


Fonte: g1

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