Durante os dias em que acompanhou as buscas por Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips pelo Vale do Javari, Caco Barcellos entrevistou amigos do jornalista britânico e do indigenista brasileiro, que ajudaram a entender os desafios enfrentados por quem, como a dupla, assassinada por pescadores, busca proteger a região da pesca, da caça e do garimpo ilegal.
Fabricio Amorim, que trabalhou 10 anos na Funai com Bruno, foi um deles. Os dois saíram juntos da instituição e decidiram continuar a fiscalização nas terras indígenas de forma independente, na Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari. Questionado como fica a luta do indigenista, ele garante:
"Vamos continuar. Isso aí vamos continuar até o último, né? Onde cai um, nasce mil".
Valdecy Jastes, outro amigo de longa data de Bruno e colega de trabalho, também é alvo de ameaças. Há três meses, graças a um alerta dado pelo indigenista, ele fez uma grande apreensão de pesca e caça ilegal em terra indígena. Imagens gravadas pelo celular mostram ele devolvendo ao rio duas tartarugas capturadas por pescadores, por exemplo.
"No nosso trabalho, a gente faz apreensão e os caras ficam com raiva da gente. Dá prejuízo para eles, eles ficam chateados e usam da covardia. Vai e te mata, não tá nem aí. Mata por nada", lamenta Valdecy que, no entanto, não pretende se afastar de suas funções: "É o meu trabalho, eu continuo na luta".
Quem também estava acompanhando as buscas desde o começo, junto com os indígenas e os amigos de Bruno, era o jornalista Tom Phillips, parceiro de trabalho de Dom no jornal britânico "The Guardian", que afirmou ao Profissão Repórter: "Eu tenho certeza que, independente do que aconteceu, ele queria a gente aqui para contar essa história".
Fonte: g1
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