O presidente Jair Bolsonaro fez apelos nesta quinta-feira (5) para que a Petrobras não volte a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil. Aos gritos, durante uma "live", o presidente afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.
Bolsonaro fez as críticas pouco antes da divulgação pela Petrobras do resultado do primeiro trimestre, quando a empresa teve lucro de R$ 44,561 bilhões. Esse valor é 3.718% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
"O Brasil, se tiver mais um aumento (no preços dos combustíveis) pode quebrar o Brasil. E o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender. A gente sabe que tem leis. Mas a gente apela para a Petrobras que não aumente os preços", disse Bolsonaro durante a "live".
"Sei que (a Petrobras) tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais os preços dos combustíveis", completou o presidente.
Em 2021, a empresa, que tem a União como maior acionista, registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões.
Inflação
A alta nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha tem contribuído para pressionar os preços dos demais produtos, o que gera críticas ao governo e a Bolsonaro.
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,3% no acumulado em 12 meses até março. Já são 7 meses seguidos com a inflação anual acima dois dígitos.
A taxa registrada no Brasil permanece bem acima da média observada nas maiores economias do mundo.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro critica o lucro da Petrobras e os reajustes promovidos pela empresa.
Em março, após a Petrobras anunciar um forte aumento nos preços dos combustíveis, Bolsonaro disse que a empresa registra lucro "absurdo" em um "momento atípico no mundo". Disse também que ficou insatisfeito com o reajuste anunciado na época.
O aumento de março foi o último anunciado pela Petrobras. Desde então, já são 55 dias sem reajuste nos preços dos combustíveis.
A repercussão do forte aumento de preços em março levou Bolsonaro a demitir o general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras. No lugar dele assumiu José Mauro Ferreira Coelho.
Petróleo e guerra
A Petrobras adota para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.
Nos últimos meses, o preço internacional do petróleo tem subido em especial devido às tensões provocadas pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, esse último um dos maiores produtores mundiais de petróleo.
Fonte: g1
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