quarta-feira, maio 11, 2022

Ao fazer alerta em abril, Barroso já sabia que Ministério da Defesa tinha investidas em curso contra urnas



Ao fazer um alerta em abril, durante um seminário para uma Universidade de Berlim, de que as Forças Armadas estavam sendo orientadas a desacreditar o sistema eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso já sabia das investidas em preparação dentro do Ministério da Defesa para acuar e pressionar a Justiça Eleitoral, tal como aconteceu em maio.


O ministro foi criticado pela fala, sob o argumento de que acabou aumentando a temperatura da crise entre governo e Judiciário. Tanto que o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, divulgou naquele momento nota dura classificando de irresponsáveis as frases de Barroso.


Só que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) alertava exatamente para o que estava sendo preparado dentro do governo: os novos ataques do presidente Jair Bolsonaro e as pressões do Ministério da Defesa neste início de maio contra a Justiça Eleitoral. Em conversa com interlocutores, Barroso tem dito que seu alerta mostrou que estava correto.


O ministro, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o início deste ano, tem rebatido as críticas de que teria cometido um erro ao chamar as Forças Armadas para integrarem a Comissão de Transparência Eleitoral.


Em conversa com interlocutores, ele lembra que as Forças Armadas, a partir de uma resolução do TSE, já participam do processo eleitoral como um órgão que atua na fiscalização das eleições, ao lado da Polícia Federal, partidos políticos e Procuradoria Geral da República.


Segundo ele, não fazia sentido chamar os outros órgãos para a CTE e não as Forças Armadas. Além disso, a pressão que elas estão fazendo agora, como integrantes da comissão, poderiam fazer o mesmo como integrantes do grupo de fiscalização das eleições. Ou seja, a disposição do Ministério da Defesa de atuar politicamente, alinhadas ao pensamento de Bolsonaro, já estava definida nos bastidores do Palácio do Planalto.


No ano passado, quando o ministro Barroso decidiu criar a comissão e fazer uma campanha em defesa do processo eleitoral brasileiro, a avaliação dentro do TSE é que os ataques do presidente Bolsonaro estavam surtindo efeito.


Pesquisa Datafolha feita em 2021 mostrava um crescimento da desconfiança da população nas urnas eletrônicas, atingindo 30%. Depois, após a criação da comissão e da campanha, o quadro se reverteu, com 80% da população considerado o nosso sistema eleitoral seguro e confiável.


Fonte: Blog do Valdo Cruz

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