A namorada do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como "Mamãe Falei", acabou o relacionamento com o parlamentar pelas redes sociais após a divulgação de áudios dele que afirmam que as mulheres ucranianas são "fáceis, porque são pobres". Nos áudios, que circulam nas redes sociais na noite desta sexta-feira (4) e teriam sido enviados para integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), também há outras declarações machistas e misóginas.
O deputado é membro do MBL e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Podemos. Ao desembarcar no aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na manhã deste sábado (5), Do Val confirmou que os áudios são verdadeiros, que foi em grupo privado e que "não refletem" o que ele pensa.
A namorada, Giulia Blagitz, publicou um stories no Instagram dizendo que o namoro havia acabado. A publicação ocorreu por volta das 19h15 de sexta-feira (4), enquanto Arthur do Val ainda estava em voo da Ucrânia para o Brasil.
"Em respeito a todos os meus seguidores que também seguiam o Arhur gostaria de deixar claro que seguiremos caminhos distintos. Infelizmente a vida é imprevisível e muitas vezes nos leva por caminhos que não compreendemos. Mas de uma coisa podemos ter certeza: o amor foi real e sempre será", escreveu a ex-namorada.
Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo partido de Mamãe Falei, e o próprio partido também repudiaram as declarações em nota à imprensa.
"Gravíssimas e inaceitáveis são as declarações do deputado estadual Arthur do Val, que foram divulgadas na imprensa. Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro país, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra. O Podemos repudia com veemência as declarações e, com base nelas, instaura de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos. Até este momento o partido não havia conseguido contato com o deputado, que estava em voo", diz nota assinada por Renata Abreu, deputada federal e presidente do Podemos.
Moro também repudiou as falas.
"Meu respeito incondicional às mulheres em geral e às ucranianas, em especial, porque além de todos os problemas diários enfrentados, precisam conviver com os horrores da guerra. Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos --tanto no campo público quanto na vida privada. Portanto, jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime. Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas quem têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige".
Moro não cita o crime que Arthur do Val teria cometido, mas, segundo a assessoria, ele se referiu ao crime de misoginia.
PT e UneAfro entram com representação
Na noite desta sexta, o PT entrou com uma representação contra Arthur do Val na Assembleia Legislativa de São Paulo por quebra de decoro parlamentar. De autoria do deputado estadia Emidio Pereira de Souza (PT-SP), a carta pede que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar apurem o caso.
"O presente caso merece, evidentemente, apuração pela quebra de decoro parlamentar; competindo, assim, a este colendo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar afirmar sua repulsa ao sexismo e a qualquer forma de discriminação, reforçando posicionamento de integral solidariedade e respeito às mulheres que se viram aviltadas em sua dignidade pela manifestação do parlamentar, nos termos e conformes dos procedimentos adrede especificados."
Já o movimento social UneAfro Brasil representou ao Ministério Público pedindo investigação sobre o áudio de Arthur do Val, dizendo que ele "incentiva o turismo sexual".
O que diz Arthur do Val
Ao desembarcar em Guarulhos, na Grande São Paulo, na manhã deste sábado (5), o deputado confirmou que são seus os áudios e disse que cometeu "um erro".
"Foi errado o que eu falei, não é isso que eu penso. O que eu falei foi um erro, em um momento de empolgação", disse Arthur do Val. Segundo ele, "houve um mal entendido" e as "pessoas estão misturando os áudios com outro contexto".
Fonte: g1
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