sábado, março 19, 2022

Megaoperação em 16 estados: chefe de quadrilha estava em presídio e 'quase todos eram empresários', diz delegado

 A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (18) os detalhes de uma megaoperação contra o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro realizada em 16 estados. De acordo com o delegado Ney Luiz, o chefe da quadrilha estava preso em Pernambuco e foi transferido para um presídio federal 


"Quase todos [os integrantes da quadrilha] eram empresários, pessoas que não levantavam qualquer tipo de suspeita", afirmou o delegado.

Os empresários envolvidos com o grupo criminoso eram os principais destinatários do dinheiro ligado ao tráfico de drogas. "Tinham empresas que mesclavam, na sua operação, atividade legal e ilegal", disse Ney Luiz.


Os investigadores detalharam que, entre os R$ 1,8 bilhão em ativos e bens bloqueados, estavam 51 propriedades urbanas e rurais, uma aeronave avaliada em R$ 5 milhões e R$ 24 mil em espécie, além de 98 veículos avaliados, ao todo, em R$ 11,8 milhões. Também foram apreendias 15 armas, e drogas como cocaína, crack e maconha.


Durante a Operação Smurfing, foram cumpridos 75 mandados de prisão e 45 de busca e apreensão em Pernambuco e nos estados do Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Maranhão, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Alagoas, São Paulo, Acre, Minas Gerais e Bahia


De acordo com o delegado, uma das empresas financiadas pela quadrilha fica no Paraná e é bastante conhecida. "Uma empresa de barco grande, bastante conceituada, que recebia dinheiro oriundo do tráfico de drogas de Ipojuca", contou Ney Luiz.


O dinheiro originário do tráfico de todos os tipos de droga era “legalizado” através da compras de imóveis, investimentos e outras ações, apontaram os investigadores.


Homem preso nessa quinta-feira (17) durante cumprimento da Operação Smurfing em Pernambuco — Foto: Reprodução/Polícia Civil


Dos presos, 20 estavam em Pernambuco. Em Mato Grosso, foram capturadas outras 30 pessoas e uma pista clandestina de pouso foi identificada em uma fazenda. A polícia continua em busca de outros 29 integrantes do grupo criminoso.


"Em razão de alguns desses investigados estarem presos, isso dificulta a coordenação e liderança por parte deles. Então, eles contam com o auxílio de mulheres para que eles continuem atuando no tráfico de drogas", afirmou o delegado.


Segundo a Polícia Civil, essa megaoperação que envolveu mais de 400 policiais é a maior da história da corporação. Ela resultou de uma investigação iniciada no município de Ipojuca, no Grande Recife, em 2018, quando foi possível identificar a organização criminosa com braços financeiros e operacionais em quase todo o país 


De acordo com Ney Luiz, depois de chegar à quadrilha, o trabalho da polícia foi identificar o caminho percorrido pelo dinheiro do tráfico de drogas.



"A partir de prisões e apreensões realizadas no município, nós conseguimos rastrear o caminho do dinheiro e chegar até essas pessoas. Esses líderes que atuam, moram e residem em alguns estados que fazem divisa com a Bolívia seriam responsáveis por trazer a droga daquele país e distribuir para todo o Brasil, para o estado e, inclusive, para o município de Ipojuca", detalhou.


As apurações, ainda segundo a polícia, revelaram uma relação dos envolvidos com investigados na Bolívia, sobretudo alvos residentes na região de fronteira com o Brasil. As informações indicaram que a região é, provavelmente, uma das rotas pelas quais drogas ilícitas com origem boliviana entram no país.


Violência em Pernambuco

O grupo criminoso, de acordo com o delegado, também seria responsável pela distribuição de drogas em vários municípios do estado, principalmente o Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.


"A gente acredita que vá reduzir bastante os índices de violência na região. A gente não combate a violência decorrente do tráfico somente de prisão e apreensão. É o que a gente chama atualmente de 'visão capitalista de combate ao crime organizado'. É você sequestrar, apreender bens desse grupo criminoso, interrompendo o fluxo financeiro para que eles não consigam adquirir mais drogas", disse.


Fonte: g1

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