O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (12) que a Petrobras registra "lucro absurdo" em um "momento atípico no mundo" e que ficou insatisfeito com o reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela empresa nesta semana.
Na quinta (10), em meio ao aumento na cotação do petróleo no mercado internacional, reflexo da guerra na Ucrânia, a Petrobras anunciou reajuste de 18,8% para a gasolina e de 24,9% para o diesel.
No dia seguinte, o Congresso aprovou e Bolsonaro sancionou um projeto que faz alterações na tributação sobre os combustíveis para tentar aliviar a alta de preços.
"Olha só, eu tenho uma política de não interferir. Sabemos das obrigações legais da Petrobras e, para mim, particularmente falando, é um lucro absurdo que a Petrobras tem num momento atípico no mundo. Então, não é uma questão apenas interna nossa", disse Bolsonaro a jornalistas após participar de um evento de filiação de deputados ao PL, partido ao qual ele também é filiado desde o final do ano passado (leia mais abaixo).
"Então, falar que eu estou satisfeito com o reajuste? Não estou satisfeito com o reajuste, mas não vou interferir no mercado", completou o presidente.
Na noite deste sábado (12) Bolsonaro voltou a criticar a Petrobras e disse que a empresa "não tem qualquer sensibilidade com a população".
“Resumindo, ontem a Petrobras aumentou em R$ 0,90 o preço do combustível, lamento, podia ter ficado mais um dia. A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população, é Petrobras futebol clube, o resto que se exploda”, disse o presidente.
No ano passado, a Petrobras registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões, valor 1.400,7% maior que o verificado em 2020 (R$ 31,504 bilhões).
O lucro da Petrobras em 2021 foi também o maior já registrado por empresas de capital aberto no Brasil, segundo levantamento elaborado pela plataforma Economatica.
Política de paridade
Esse lucro da Petrobras ocorreu em meio à disparada no preço dos combustíveis no Brasil, devido à valorização do dólar em relação ao real e ao aumento no valor do petróleo.
Os preços dos combustíveis dentro do Brasil são afetados por essas variações porque a Petrobras pratica a chamada paridade de preços. Isso significa que a empresa paga pelo produto o preço cobrado no mercado internacional e, por isso, repassa eventuais altas para refinarias, o que leva ao aumento de preços para o consumidor final.
Entenda no vídeo abaixo como funciona a política de preços da Petrobras.
Bolsonaro já criticou a política de paridade de preços, mas tem dito que não tem poder de interferir nas decisões da Petrobras.
Neste sábado, questionado novamente sobre o assunto, Bolsonaro afirmou que respeita a política de preços em vigor e que, uma eventualmente, depende da Petrobras. O presidente disse, porém, que a empresa não pode apenas visar lucro.
"A política de preço você pode estudar isso daí. Lá atrás fizeram, no começo do governo Temer, a PPI, paridade com o preço internacional. É coisa que ninguém entende, né? Estamos respeitando, se tiver que mudar isso aí, a Petrobras tem que apresentar uma proposta. Agora, não pode a Petrobras trabalhar exclusivamente visando lucro no mundo em crise, né? E com preço de combustível bastante alto aqui no Brasil", disse Bolsonaro.
"Esse atrelamento é bom para o mercado, é bom para os acionistas, mas é péssimo para o consumidor brasileiro", completou ele.
Troca na Petrobras
Bolsonaro foi questionado por jornalistas se pode tirar o general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras após o mega-aumento nos combustíveis e a repercussão negativa. O presidente respondeu:
"Todo mundo tem possibilidade de ser trocado. Todos. Exceto o presidente e o vice-presidente da República."
Perguntado novamente se irá tirar Silva e Luna do cargo, Bolsonaro respondeu:
"Não, ninguém falou em trocar. Você perguntou se ele pode ser trocado, qualquer um pode ser trocado no meu governo, menos eu, logicamente, e o vice-presidente da República, que tem mandato."
Subsídio à gasolina
Bolsonaro também confirmou que existe a possibilidade de o governo enviar na próxima semana ao Congresso um projeto para zerar a cobrança de PIS/Confins sobre a gasolina.
"Existe essa possibilidade. Conversei com o Banco Central também quanto influencia na inflação a gasolina, como está esse preço bastante alto no Brasil", disse Bolsonaro.
Na quinta (11), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo pode estudar a criação de um subsídio ao diesel se a guerra entre Rússia e Ucrânia se prolongar.
Filiações ao PL
O presidente Jair Bolsonaro deu as declarações sobre preços dos combustíveis após participar de um evento de filiação na sede nacional do partido dele, o PL.
Segundo a assessoria do PL, se filiaram ao partido neste sábado 15 deputados federais:
Sóstenes Cavalcante (RJ)
Coronel Chrisóstomos (RO)
Cabo Junior Amaral (MG)
Márcio Labre (RJ)
Bibo Nunes (RS)
Carlos Jordy (RJ)
Loester Trutis (MS)
Sanderson (RS)
Daniel Freitas (SC)
Luiz Lima (RJ)
Marcelo Álvaro Antônio (MG)
Delegado Eder Mauro (PA)
Capitão Alberto Neto (AM)
Luiz Phelippe de Orleans Bragança (RJ)
Nelson Barbudo (MT)
Além do presidente, participaram do evento a ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo), que também é filiada ao PL, e o secretário especial de Cultura, Mario Frias.
Depois do evento, o PL anunciou à imprensa que marcou o lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição para 26 de março. Entretanto, informou que o evento pode mudar de data em razão da agenda do presidente.
Fonte: g1
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