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quarta-feira, janeiro 26, 2022

Delegada que prendeu influencer com cartão clonado desmente versão de que ela foi vítima: ‘Presa como autora e conhecedora da fraude’

A versão de que Ingrid Caroline Borges Gonçalves, a estudante de direito e influencer digital que foi presa na segunda-feira (24) com um cartão clonado no Rio, foi vítima de um golpe é contestada pela polícia.


A justificativa foi dada na terça-feira (25) pelo advogado de Ingrid, Lucas Bressanin, para o fato de sua cliente ter sido presa por estelionato.


“Em meados de julho de 2021, a influencer foi abordada través da mídia social Instagram pelo IG @grupo.maisx onde o interlocutor se apresentou como uma agencia de viagens e propôs uma parceria para divulgação da respectiva empresa onde, em troca, a influencer receberia passagens e hospedagens gratuitas e/ou descontos”, diz trecho do documento enviado pelo advogado para justificar o fato da estudante ter tentado usar dados de um cartão clonado.


Ingrid Caroline: ela nega saber da fraude e se diz vítima; a polícia tem outra versão — Foto: Reprodução


Mas para a delegada Camila Lourenço, da 14ª DP, no Leblon, que conduziu o caso, tudo não passa de formulação de tese defensiva da influencer.


“Ela tem direito de articular a defesa dela, mas a realidade é que ela foi presa em flagrante como autora e conhecedora da fraude. Ela, inclusive, admitiu que usava os serviços desse 'cartãozeiro' já há um tempo. Que tinha feito outras viagens do mesmo jeito. Aqui no Rio mesmo, antes de tentar se hospedar no Leblon, ela havia tentado se hospedar na Barra da Tijuca, mas não conseguiu. E mesmo no Leblon, quando viu que não ia conseguir, tentou ir embora. Foi abordada pelos polícias tentando pegar um carro de aplicativo”, contou a delegada ao g1.

Fiança de um salário

A delegada salientou ainda que Ingrid não tinha o cartão físico para apresentar quando questionada e que admitiu ter feito outras viagens com o mesmo expediente fraudulento.


“Ela colaborou, sim, com as autoridades, mas eu, como a autoridade policial que presidiu o inquérito, entendi que ela tinha conhecimento e se beneficiada da fraude. Havia um dolo direto. Ela vai articular a defesa, dela claro, mas vai responder pelo crime de estelionato e não foi liberada, não. Só saiu sob fiança estipulada em um salário mínimo”, contou a delegada.


Ingrid em outro clique para as redes: influencer em uma de suas viagens — Foto: Reprodução

Ingrid em suas redes sociais — Foto: Reprodução


Nas redes sociais, Ingrid voltou a postar e alegar inocência na situação. Ela contou que já está em São Paulo, na casa de uma amiga, e negou que tenha confessado algo na delegacia, que falou a todo momento que não sabia da existência do cartão


Esquema com 'cartãozeiro'

No entanto, a delegada que cuidou do caso explicou ainda como funcionava o esquema do chamado “cartãozeiro”.


“Você quer se hospedar em um lugar cuja diária custa R$ 4 mil, mas não tem dinheiro para isso. Daí, paga R$ 500 para o ‘cartãozeiro’, que clona o cartão de alguém e faz a reserva no lugar caro que você deseja. É estelionato, e é crime”, disse a delegada.


Polícia obteve conversa entre influencer e 'cartãozeiro'

Em uma conversa obtida pela polícia, a influenciadora fala com uma pessoa identificada como Cristiano. Ela pede a ele para tentar fechar uma estadia. Ao fim do dia, após algumas experiências frustradas, ela avisa que vai deixar o apartamento no Leblon onde a fraude foi descoberta.


Influenciadora: Cris, vou ter que sair daqui.


Cristiano: Mais uma vez tua negatividade. Tu só fala em negatividade.


Influenciadora: Falou que o sistema recusou o pagamento.


Cristiano: Minha conversa com a mulher não foi essa.


Influenciadora: Ela acabou de falar aqui.


Cristiano: Minha conversa com a mulher não foi essa que tu disse que vc não era titular. Enquanto o sistema mostra que sim. Eu coloquei vc como titular.


Mais cedo, ainda na conversa, ela pede a ajuda dele em maio às tentativas de conseguir estadias em outros locais — sem sucesso, por conta de problemas no cartão.


"Cuida de mim. Você disse que ia cuidar de mim".

O caso

Ingrid Caroline, de 20 anos, foi surpreendida na segunda-feira (24), quando tentava fazer uma reserva em um apartamento de temporada na Avenida General San Martin, no Leblon, na Zona Sul do Rio. Ela forneceu dados de um cartão de crédito que estava em seu nome, mas a operação chamou atenção do estabelecimento que solicitou que ela apresentasse o cartão físico, o que não foi feito e acarretou a prisão em flagrante por policiais da 14ª DP (Leblon).


Ela foi autuada por tentativa de estelionato, mas foi liberada após pagamento de fiança para responder em liberdade.



Em suas redes sociais, Ingrid posta fotos de looks, roupas e imagens de viagens que costuma fazer. A Influencer também se exibe em festas que costuma ir.Em seu perfil, ela se descreve como “figura pública” e afirma: “Bem-vindo seja aquele que veio por bem”.


Número de seguidores subiu após prisão

Após o episódio da prisão, o número de seguidores de Ingrid, que era de 188 mil, já chegou a 200 mil. Apesar do número, ela diz que não gostou de ter atingido a marcar por causa da polêmica envolvendo o seu nome.


Na terça (24), após a divulgação do seu caso, ela postou normalmente o seu "bom dia" com dancinha para os seus seguidores. Já no final do dia, preferiu fazer uma série de stories para de defender da acusação de estelionato.


Fonte: g1

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