O presidente Jair Bolsonaro fez um recuo envergonhado nos ataques e ilações contra a Anvisa, mas mesmo assim manteve os ataques à Agência de Vigilância Sanitária para agradar seus eleitores.
E, mais uma vez, levantou suspeitas sobre a agência sem apresentar nenhum indício ou prova do que aponta como possível irregularidade.
Depois da forte nota do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, em que cobrou do presidente provas das suspeitas ou retratação, Bolsonaro disse ter sido surpreendido com o texto e que em nenhum momento acusou diretores e técnicos de corrupção.
Só que, até entre interlocutores do presidente, a leitura feita é que as declarações iniciais de Bolsonaro levantaram suspeitas de interesses econômicos por parte da Anvisa ao aprovar a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos.
Dentro da agência, a avaliação foi a mesma: de que o presidente acusou, indiretamente, a Anvisa de ter aprovado a medida em troca de interesses econômicos, o que levou à reação de Barra Torres.
O recuo envergonhado de Bolsonaro ocorreu porque ele foi emparedado por Barras Torres e poderia ser obrigado a responder judicialmente pelo caso.
Optou, então, por um recuo para evitar mais desgastes, dizendo que em nenhum momento acusou a Anvisa de atos de corrupção na aprovação da vacinação de crianças.
Por outro lado, para evitar críticas de apoiadores, fez questão de manter as críticas à agência, dizendo que "alguma coisa" está, sim, acontecendo dentro do órgão. E, de novo, não apresentou nenhuma prova das novas suspeitas lançadas.
Esse tipo de declaração do presidente, porém, acabará sendo usado contra ele, alertam até aliados, pelos adversários durante a eleição presidencial. Com isso, Bolsonaro acaba dando munição, mais uma vez, à oposição, aumentando sua rejeição junto a uma parcela significativa do eleitorado.
Fonte: g1
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