O MDB anunciou nesta terça-feira (12) que a senadora Simone Tebet (MS) será a candidata do partido na eleição para a presidência do Senado, no início de fevereiro.
Senadora Simone Tebet (MDB-MS) em imagem de 2019 — Foto: Pedro França / Agência Senado
O principal adversário da senadora na disputa deve ser Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A escolha de Simone Tebet foi antecipada pela colunista do G1 Ana Flor na manhã desta terça e confirmada por unanimidade em reunião da bancada do MDB, à tarde. Se eleita, a parlamentar do Mato Grosso do Sul será a primeira mulher à frente do Senado.
Além de Simone, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM); o líder governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE); e o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) eram cotados como possíveis candidatos do MDB na eleição.
A bancada emedebista, que já era a maior do Senado, recebeu a adesão de mais dois senadores nesta terça – Rose de Freitas (ES), que estava no Podemos, e Veneziano Vital do Rêgo (PB), que era do PSB, se filiaram ao partido. Com isso, a bancada do MDB passou de 13 para 15 senadores.
‘Independência a favor do Brasil’
Em entrevista após o anúncio, a senadora Simone Tebet disse que a candidatura dela não é “nem de situação nem de oposição ao governo”.
“É uma candidatura de independência harmônica entre os poderes e a favor do Brasil. E essa harmonia exige de qualquer futuro presidente do Senado diálogo com o governo federal e, mais do que isso, apostar, trazer, colocar em pauta e votar. O plenário é soberano, qualquer projeto de qualquer presidente da República”, disse Simone.
A palavra "independência" também aparece na nota divulgada pelo MDB após a reunião desta terça. O partido diz que essa postura no comando do Legislativo é "de fundamental importância neste período de crise".
"O interesse público precisa estar acima de qualquer disputa ideológica e política na reconstrução da economia e na imunização universal e gratuita contra a Covid-19", afirma o documento divulgado pela legenda.
O MDB também disse ter compromisso com a responsabilidade fiscal e social, com a agenda de reformas estruturais “urgentes”, com a sustentabilidade ambiental, com a redução das desigualdades e a adoção de políticas de diminuição do desemprego e de retomada econômica.
Simone Tebet afirmou que, se eleita, a pauta da economia será prioridade no Senado. Questionada sobre a adoção de um novo programa de auxílio emergencial por causa da pandemia, a senadora declarou que esse é um “compromisso com as pessoas e com o país”.
“O auxílio emergencial, com responsabilidade, desde que tenhamos responsabilidade fiscal, possamos fazer uma análise criteriosa sobre o cadastro – quantos receberam indevidamente – para poder beneficiar quem está precisando. É uma agenda de um país que começa a passar fome. Então o auxílio emergencial, com responsabilidade, observando os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal, com o teto de gastos, ainda que com menor valor, tem que sim estar na agenda de qualquer candidato para ser tratada com os líderes”, disse a candidata do MDB.
Questionada sobre articulação com o presidente Jair Bolsonaro, Simone diz que os emedebistas que são líderes do governo devem comunicar a Bolsonaro a candidatura emedebista.
Nos bastidores, a informação é de que Bolsonaro tem maior simpatia pelo nome de Rodrigo Pacheco, aproximação articulada por Davi Alcolumbre.
“O MDB não vem para qualquer tipo de tensão entre as instituições e os Poderes. Este é um momento de harmonia. Ou nós entendemos que a independência significa harmonia ou vamos desconstruir este país”, afirmou a emedebista.
Em 2019, MDB rachou
Esta não é a primeira tentativa de Simone Tebet de capitanear a candidatura do MDB na eleição para a principal cadeira do Senado.
Em 2019, a parlamentar do Mato Grosso do Sul disputou internamente a indicação da sigla, mas foi derrotada pelo ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL).
O racha na bancada naquela ocasião abriu espaço para a eleição de Alcolumbre, que contou com o apoio de Simone. Desta vez, entretanto, o MDB decidiu caminhar “unido” na disputa para tentar retomar o controle do Senado.
Apoio
Para chegar à presidência do Senado, o MDB espera contar com o apoio do Podemos (9 senadores), do PSDB (7), do Cidadania (3), do PSL (2) e da Rede (2) além de parlamentares de outras legendas e integrantes do grupo informal ‘Muda Senado’.
Juntas, as bancadas partidárias listadas reúnem 23 dos 81 senadores. O voto é secreto mas, diferentemente da Câmara, no Senado é incomum que haja deserções e "traições" nos acordos firmados pelos partidos.
Parte dessas siglas tinha resistência aos nomes de Eduardo Gomes e Fernando Bezerra, fortemente ligados ao governo Bolsonaro, e a Eduardo Braga, um dos caciques do MDB. Essas contestações ajudaram a viabilizar o nome de Simone Tebet.
Simone disse que vai se reunir, primeiramente, com as legendas que ainda não anunciaram apoio a nenhum candidato. Em seguida, a senadora diz que vai buscar todas as legendas, inclusive as que já manifestaram apoio a Pacheco.
Rodrigo Pacheco, do DEM, já conquistou o apoio do PSD (11 senadores), PROS (3), PT (6), Republicanos (2), PSC (1) e PL (3). Somados aos cinco senadores do DEM, os partidos reúnem 31 parlamentares.
O DEM tinha seis senadores com mandato, mas o número caiu no fim de 2020 após o afastamento de Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado em operação da Polícia Federal com dinheiro na cueca.
O PP, que tem sete senadores, tem reunião nesta quarta-feira (13) para debater a sucessão no Senado. A tendência na legenda, segundo o G1 apurou, é de apoio a Rodrigo Pacheco.
Currículo
Filha do ex-senador Ramez Tebet, que chegou a presidir a Casa entre 2001 e 2003, Simone Tebet tem 50 anos de idade e está no primeiro mandato como senadora.
Simone é formada em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi deputada estadual do Mato Grosso do Sul, prefeita de Três Lagoas (MS), vice-governadora do estado e, em 2014, foi eleita para o Senado.
Atualmente, a emedebista preside um dos principais colegiados do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Fonte: G1