"Eu digo aqui, digo na cara de qualquer um, a você, porque eu estou de frente. Porque eu não tenho medo, não. Agora seja homem e diga na minha cara. Não fique falando por trás não, feito mulher ruim e 'baitola'".
Essa foi a fala do vereador Raério Araújo (PSD) no plenário da Câmara Municipal de Mossoró, em sessão na terça-feira (14). O discurso, direcionado a um líder comunitário opositor na galeria da Casa, foi criticado por parlamentares e por representantes dos movimentos feministas e LGBTQIA+.
Procurado pela reportagem da Inter TV Costa Branca, o vereador Raério Araújo não quis comentar as falas.
A vereadora Larissa Rosado (PSDB) disse não concordar com as falas do vereador e ressaltou a importância do respeito no plenário da Casa.
"Nós defendemos o respeito dentro do plenário. Nós mulheres temos sido vítimas de violência política diariamente no nosso país. Nós não concordamos com o teor das falas do colega vereador. Nem com relação às mulheres, nem com relação à comunidade LGBTQIA+".
A vereadora Marleide Cunha (PT) disse que essa não é a primeira vez que o vereador se envolve em polêmicas como essa, com discursos ofensivos.
"Fui vítima no mês de setembro. O vereador me agrediu violentamente. Disse, por exemplo, que eu poderia gritar e latir que ele não tinha medo. Disse outro dia que eu não tinha direito à fala porque eu ia falar besteira", disse.
"E agora, mais uma vez, uma agressão às mulheres e às pessoas que são LGBTs. É preciso dar um basta nisso. A sociedade está se manifestando, repudiando esse tipo de comportamento, mas a Câmara Municipal ainda está em silêncio. E o silêncio é apoio, é conivência, é manutenção desse tipo de comportamento".
Em nota, a Câmara Municipal de Mossoró disse que o discurso não representa o posicionamento da Casa. O presidente da Câmara, o vereador Lawrence Amorim (Solidariedade), disse que o vereador foi advertido pela fala.
"O posicionamento da Câmara é bem claro. Nós aqui debatemos e buscamos o debate de forma sadia dentro do campo democrático. Nós conversamos com o vereador e foi feito, conforme o regimento, uma advertência pessoal para que ele melhorasse o debate nesse sentido. Mas é uma opinião pessoal dele, que não foi direcionada a nenhum parlamentar dentro do plenário", disse.
Como protesto, o vereador Pablo Aires (PSB) foi à Câmara nesta quarta-feira (15) com a bandeira que simboliza o movimento LGBTQIA+. O parlamentar disse que deve se reunir com outros vereadores para que as declarações não fiquem impunes.
"A possibilidade de acionar o Ministério Público ou de fazer uma denúncia ao conselho de ética. Então nós precisamos enquadrar a melhor situação para que a gente busque uma punição para esse caso e evite que no futuro esse tipo de situação como essa, que só fazem reforçar o preconceito, a discriminação, a homofobia, o ataque às mulheres. E sustentando dentro da Câmara um discurso que repercute na rua".
O discurso também foi criticado por movimentos feministas.
"O espanto que a gente ainda escute numa câmara municipal, numa cidade como Mossoró, aberrações dessa natureza, que não engrandecem em nada a função pública de quem fala", pontuou Telma Gurgel, do Coletiva Motim Feminista.
Fonte: g1
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