A juíza Nearis Santos, da 3ª Vara Criminal de Niterói, decidiu aumentar para nove anos a pena imposta a Lucas Cezar de Souza, filho adotivo da ex-deputada federal Flordelis, por participação dele no assassinato do pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019.
Lucas e o irmão Flávio dos Santos Rodrigues (filho biológico de Flordelis) foram condenados no mês passado pela morte do pastor Anderson, executado a tiros no dia 16 de junho de 2019, em Niterói.
Autor dos disparos, Flávio foi condenado a 33 anos, dois meses e vinte dias de prisão. Lucas, a princípio, havia sido condenado a sete anos e seis meses de prisão por participação no crime.
Entretanto, atendendo a solicitação do Ministério Público, a juíza aumentou a pena para 9 anos.
“Compulsando os autos, verifica-se que assiste razão ao Ministério Público, considerando que efetivamente o réu Lucas foi legalmente adotado pela vítima, devendo, portanto, ser reconhecida a agravante decorrente da prática do delito "contra ascendente" (artigo 61, alínea "e", do Código Penal) na respectiva dosimetria da pena", afirmou a magistrada.
Condenação
O julgamento de Flávio e Lucas foi presidido pela juíza Nearis dos Santos Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, no Fórum da cidade. Sobre a condenação, a defesa de Flávio afirmou que iria recorrer. Já a defesa de Lucas, na época, disse ter concordaso com a pena imposta ao cliente.
Flordelis e outros oito acusados também serão julgados pelo crime. Ela foi denunciada como mandante do assassinato e responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Em 15 horas de julgamento, oito pessoas prestaram depoimento, e os réus foram interrogados.
Jorge de Souza, pai adotivo do pastor, foi um dos primeiros a chegar ao Fórum e acompanhou o julgamento até as 22h de terça. Segundo a defesa da família, ele não se sentiu bem e foi colocado em um carro para ir embora.
'Sofrimento da mãe'
Em seu interrogatório, ainda na noite de terça, Lucas afirmou que Flávio queria acabar com o sofrimento da mãe.
Segundo Lucas, Flávio teria contado sobre seu desejo numa conversa cerca de um mês antes do assassinato. Na ocasião, Flávio também teria dito que Flordelis estaria sofrendo por causa de "trâmites" de Anderson em Brasília.
Lucas afirmou que não sabia que a pistola Bersa 9 milímetros que comprou seria usada para matar o pastor.
Anderson, ex-marido de Flordelis, foi assassinado a tiros em 2019. A ex-parlamentar é acusada de ser a mandante do crime.
Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto, um dia após a perda do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados e ter sido expulsa do PSD. Ela está no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
O julgamento
O pai adotivo do pastor Anderson do Carmo, de 81 anos, foi um dos primeiros a chegar no fórum de Niterói, no início da tarde desta terça-feira.
A delegada Barbara Lomba foi a primeira a ser ouvida durante o julgamento desta terça. Lomba afirmou que a ex-deputada federal foi a responsável por elaborar uma carta que responsabilizaria outros filhos pelo assassinato do pastor.
De acordo com o depoimento da delegada, a carta foi copiada por Lucas – filho afetivo da ex-deputada – a mando do filho biológico Flávio, quando os dois estavam presos na penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Flávio teria recebido a carta da esposa de outro detento, um ex-PM condenado a mais de 200 anos de prisão por ter participado da chacina da Baixada Fluminense.
O conteúdo da carta, disse a delegada, não esclarecia nada do crime, apenas tentava culpar outras pessoas da família de encomendar a morte do pastor.
Filha de Flordelis sobre 'irmão': 'É uma pessoa ruim, mesmo'
Roberta dos Santos, filha registrada de Flordelis, foi a quinta pessoa a depor no julgamento de Flávio e Lucas. Segundo ela, Flávio, um dos dois filhos julgados nesta terça, é uma "pessoa ruim".
Roberta contou que o "irmão" mais velho castigava os mais novos de forma rígida, às vezes os obrigando a ajoelhar em grãos de milho, virados para a parede.
A filha registrada de Flordelis, mas que fora criada por outros irmãos mais velhos, também contou ter presenciado uma surra dada por Flávio em um irmão surdo-mudo.
"Ele socava o estômago do Lucas", relatou Roberta.
O Lucas mencionado por ela não é o mesmo que também é julgado nesta terça. A sessão de espancamento, segundo Roberta, foi interrompida por outro irmão, André, que em seguida teria tido uma tesoura cravada nas costas por Flávio.
Além de Roberta, também foram ouvidos Misael, filho de Flordelis que acredita que a mãe é responsável pela morte de Anderson, Luana Rangel, casada com Ismael e mais dois delegados responsáveis pelo caso.
Regiane Ramos, testemunha de defesa e ex-patroa de Lucas César dos Santos, também foi ouvida essa nesta terça-feira.
Fonte: g1
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